segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Primeiras considerações sobre o Natal e o Ano Novo

FALTAM POUCOS DIAS PARA O NATAL


Faltam poucos dias para o Natal, e conseqüentemente o ano novo se aproxima. Começam os preparativos para a festa de fim de ano na praia. Todo ano a família repete este rito festivo com ansiedade e emoção. Do estresse das filas de carro rumo ao litoral paulista, do trânsito caótico de quem deixou para viajar na última hora, do convívio com gente mal na fila dos bancos, dos supermercados, da padaria, e de qualquer lugar onde haja muita gente reunida. Todos instalados no apartamento apertado, ou na casa de praia com aluguel exorbitante, felizes e contentes sem um motivo aparente. E lá vamos nós para a beira da areia, com o carro cheio de machos carentes usando bermudão comprado em lojas de surf, camiseta regata e óculos escuro. O que você não tem coragem de ouvir no som do seu carro, provavelmente ouvira no último volume em dezenas de carros com os porta malas abertos, exibindo caixas de som seladas tocando os principais hits de axé, funk e pagode que encantam o verão. Aquela letrinha de música que o compositor não demorou mais do que uns dois minutos para criar, mas que já está tocando no Domingão do Faustão e no Programa do Gugu. Se um dia eu não der certo como enfermeiro, chamo alguns colegas de cabelos descoloridos e monto uma banda de pagode. Primeiro CD “Volta pra Mim”, Segundo CD “Liga pra Mim”, Terceiro CD “Não me trata Assim”. Não demoraria muito para receber o disco de platina, ter um romance com alguma popozuda que posaria para a Sexy ou Playboy, no final das contas eu teria o meu casamento exibido num programa de fofocas na Rede TV. Sou chato, crítico, quadrado, e não aceito o que dói em meus ouvidos. Para agüentar a situação passo a consumir bebida alcoólica, por mais que eu beba, nunca é o suficiente para acompanhar os que estão ao meu redor. Alguém precisa ficar sóbrio para cuidar dos outros, além do mais, psicotrópicos e bebidas alcoólicas não combinam. Passo a rir dos que estão fazendo besteira devido ao consumo exagerado de álcool. Todo ano alguém passam mal, dorme na areia da praia, fica com alguma garota que jamais chegaria perto estando sóbrio e outras coisinhas do tipo. À noite têm os fogos de artifício, os shows patrocinados pela prefeitura local para atrair turistas, garotas bonitas em roupas brancas, etc. Hoje estou com um péssimo humor, até mesmo para escrever fica difícil. Faz três anos que tenho feito a mesma promessa na noite de Reveillon sem nunca ter conseguido cumpri-la. Feita sempre na beira da praia com os pés molhados, sentado na areia e olhando para o céu estrelado. Um pouco antes, quando todos estão começando a olhar para os relógios, segurando garrafas e taças de champanhe, eu me afasto discretamente dos meus amigos e parentes, e tento ficar um pouco sozinho. Cinco ou dez minutos antes que todos se abracem e sigam os velhos rituais, antes que os fogos de artifício enfeitem o céu. Acredito que a solidão muitas vezes é a melhor companhia para conseguir a paz, meditar sobre a vida, planejar e pensar. Sonho um dia ficar completamente sozinho num reveillon qualquer. Não seria maluquice, eu meditaria muito, acenderia incensos, pensaria nos que já se foram e na gratidão de estar vivo. Quando os fogos começam a estourar e o céu fica todo iluminado, retorno à companhia dos meus pais e amigos. Abraço a todos, e desejo um feliz ano novo até mesmo para aqueles que me ferraram durante o ano inteiro, que irônico. O ser humano é assim mesmo. Temos 365 dias do ano para “fazer a diferença”, para mudar nossas vidas, e tomar um rumo que nos leve o mais próximo possível de nossos objetivos. Mas só acreditamos nesta força quando chega o final do ano. Só na véspera do primeiro dia de janeiro faz com que todos realmente percebam naquilo que deveriam acreditar durante o ano inteiro. Por que? Talvez por todos estarem repetindo o mesmo ritual nos diversos cantos da terra.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

CLARISSE por Renato Russo

Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Conhecer a si mesmo

Dentro do hospital pertencente ao instituto de psiquiatria no qual presto trabalhos voluntários, acompanho diversos casos das mais variadas patologias psiquiátricas. Somos o Pronto Socorro dos psicóticos. Isso mesmo, quem chega em estado grave é recebido por nós. Depois de algum tempo o paciente pode ser direcionado para outros andares dependendo da especialidade. Transtornos alimentares, de ansiedade, dependente químico, geriatria, infantil, neurocirurgia, etc. Dinheiro não é a principal motivação, tem que ter algum tipo de afinidade pelo que faz. Nunca ouvi falar de algum mercenário que ganhasse pouco. Ontem recebi um chute no joelho de um paciente esquizofrênico. Poucos minutos antes, ele havia dado um soco na cabeça de outro paciente que estava sentado assistindo TV. Antes que o circo pegasse fogo, a equipe de auxiliares responsável pelos pacientes investiu contra o paciente “agitado” imobilizando-o. Durante o processo no qual eu participei um chute acabou atingindo minha perna. Ao contrário do que se pode pensar, existem técnicas de restrição de espaço, de contenção física, dialogo terapêutico, protocolos de enfermagem, conduta médica, etc. A coisa é muito séria. E por mais incrível que pareça, os pacientes que mais esbravejam, falam alto, ou tentam afrontar as regras da enfermaria e a autoridade de seus cuidadores, são os que menos agridem. Mas não era sobre isso que eu desejava relatar. Estou cada vez mais apaixonado pela psiquiatria. Fiz esta escolha contrariando alguns conselhos. Um deles vindo do meu próprio psiquiatra, que disse não recomendar para outros a vida profissional que ele possui através da sua especialidade. Minha psicóloga acredita que isso possa ser uma forma que eu busquei em conhecer a minha própria doença. Nesta mesma semana eu vi claramente algo que não poderia ter presenciado em outro lugar. Dentre os bipolares estão conosco, há dois que se destacam, e logo no período da manhã um deles estava deitado em uma poltrona na frente da enfermaria todo choroso, lamentando a internação, requisitando a presença da mãe, dizendo que tudo aquilo era uma farsa, que não deveria estar internado. Enquanto ele dava suas demonstrações de afeto deprimido, do outro lado, próximo a sala dos médicos, um outro paciente com transtorno afetivo esbravejava falando sobre racismo, internação involuntária, que processaria o hospital, que era advogado e conhecia o código penal, etc, etc. Onde eu poderia ver uma demonstração tão clara dos extremos, que o transtorno afetivo bipolar pode acarretar em alguém? Um deles interrompeu o uso de medicamentos devido às campanhas políticas que estava participando, e o outro vinha do Rio Grande do Sul, após ter sofrido uma overdose de medicamentos. Cada um com suas próprias histórias e motivos, mas ambos sofrendo do mesmo distúrbio. Ouço dos médicos, discussões sobre a evolução de cada paciente, as medicações, as associações para potencializar este ou aquele fármaco. Vejo pacientes que chegam em plena crise, outros que vão embora da melhor maneira possível. Discursos negativos com idéias de suicídio, fuga, dor. Alguns completamente fora da realidade. Converso, ouço suas lamentações, procuro acorda-los para a realidade. Faço a minha parte da melhor maneira possível. Será que um dia eu também estarei nesta situação? Sendo carrega-lo pela minha família em plena crise? Acho injusto o que a natureza fez conosco. Mas ao mesmo tempo fico feliz por aqueles que tiveram a chance de conseguir ajuda terapêutica. Um dia eu li num fórum no Orkut, de uma comunidade de Bipolares, um sujeito argumentando sobre a possibilidade de não usar medicamentos de enfrentar a situação pelos seus próprios meios. Escreveu sobre as indústrias farmacêuticas, psiquiatras que viciavam sues pacientes, etc, etc. Primeiro: Será que ele já viu um bipolar maníaco? Psicótico? Totalmente fora da realidade? Querendo dar porrada, ou gastando tudo o que tem devido à pulsão, ou ainda sendo uma ameaça para si e para a própria família? Será que viu? Um sujeito que está num estado completamente irracional e sem a possibilidade de ser feito algum contato verbal? O que mais temos por lá são ambulâncias trazendo pessoas em estado psicótico. Administramos o que é necessário para o momento, analisa-se a situação, da forma que é preciso sem exageros ou desejos em manter o paciente mais tempo do que é necessário. Alguns infelizmente necessitarão de medicamentos para o resto da vida. E quer saber? As maiorias dos bipolares que chegam nestas condições são vítimas do próprio erro, do ato de interromper a terapia medicamentosa. Sim, alguns pacientes psiquiátricos podem viver sem medicamentos, mas outros não. Não se chega a esta conclusão sem ajuda profissional, infelizmente esta é a verdade.

Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual existe uma "perda de contacto com a realidade". Ao experimentar um episódio psicótico, um indivíduo pode ter alucinações ou delírios, assim como mudanças de personalidade e pensamento desorganizado. Tal é freqüentemente acompanhada por uma falta de "crítica” ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o caráter estranho ou bizarro do seu comportamento. Desta forma surgem também dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária. Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

NESTE ÚLTIMO FINAL DE SEMANA...


Neste último final de semana ouvi uma frase de um aluno de hapkido que diz muito a respeito do que tenho vivenciado no meu trabalho. Era mais ou menos assim: “Atualmente tenho percebido que saber relacionar-se com outras pessoas, é mais importante do que ser um bom profissional”. A cada dia que passa, tomo conhecimento de pessoas que garantiram suas vagas dentro do instituto de psiquiatria pela grande competência em serem bons amigos, amantes, etc... Este poder é tão grande, que parece estar acima até mesmo dos concursos públicos realizados periodicamente. Não estou exagerando. Eu sabia que isso acontecia, mas não no grau, e ordem que eu tenho presenciado. Perdi o ânimo em estudar, ou buscar uma pós-graduação. Preciso aprender a beber sem ferrar meus medicamentos, dar risadas das piadas sem graça que alguns chefes fazem, descobrir quais são suas preferências no futebol, no amigo secreto de final de ano, elogiar ou acrescentar gestos ao meu comportamento que desperte um certo interesse pela minha presença. Competência? Que nada... Isso está fora de moda. Peço desculpas pelo machismo, mas não sendo do sexo feminino com bunda grande, e boca nervosa, falta-me o poder da “persuasão”, de puxar o saco no português mais claro. Ah! Também preciso aprender o ritual secreto que acompanha todos os círculos internos das grandes, e pequenas corporações, o magnífico e secreto “Tapinha nas Costas”.

Isso me faz lembrar o personagem Fagundes - Um Puxa-Saco de Mão Cheia, do Cartunista LAERTE. Deixei uma tira para que vossas senhorias possam sentir o drama. Recomendo que procurem sobre este personagem na internet.

“QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR, NÃO SERVE PARA VIVER”

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Alegria sem fim...

Depois de ouvir o conselho de uma amiga resolvi não escrever sobre coisas negativas até o final do ano, sendo assim, escreverei apenas o que me deixou feliz nestes últimos dias. O primeiro ato foi uma prova seletiva que participei no inicio do mês. Uma oportunidade de ser admitido no instituto de psiquiatria na qualidade de enfermeiro. Apenas dez candidatos selecionados a dedo disputando três vagas. Não haveria ocasião melhor para conseguir um emprego, “o tão sonhado emprego” pela fundação que administra parte da instituição. Um dia depois do processo, já estava feita a escolha dos candidatos aos prometidos cargos. Três queridinhos que estavam com o rabo preso com as principais hierarquias de enfermagem do instituto. A prova seletiva foi forjada para não tornar o processo de contratação algo ilícito, ou suspeito aos olhos dos demais. Pelo menos esta era a idéia inicial. Fui tomado de extrema felicidade, contentamento, e alegria. Como fiquei feliz (perceba como estou repetindo a palavra “feliz” inúmeras vezes) por estes acontecimentos. Com o passar do tempo eu fui conhecendo os mecanismos e os bastidores que movem os interesses de um pequeno grupo seleto. Um grupo cujos interesses são priorizados. Parece exagero, mas não é. Ironicamente seria uma espécie de “Poderoso Chefão”. Neste caso você precisa saber com quem não deve se meter, a quem pedir a benção, ou mesmo bajular. Isso facilita muita coisa. Vi inúmeras vezes a reação que alguns enfermeiros e funcionários mais antigos despertam na frente destes intocáveis. A piada mais ridícula dita por eles pode de uma hora para outra se tornar a mais engraçada. Como estou dando meus primeiros passos, só posso observar e tentar aprender. Quem sabe da próxima vez.

Anotações para o resto do ano:

1 – Procurar alguma chefa de enfermagem ou diretora que seja viúva, separada ou solteira, fazendo de tudo para trepar com ela
2 – Puxar o saco do diretor de educação continuada do instituto
3 – Aprender a beber, jogar futebol, e contar piadas machistas sobre gays ou louras.
4 – Decorar o livro “Como fazer Amigos e Influenciar Pessoas”
5 – Descobrir o dia do aniversário dos chefes, e quais times torcem

Tem dúvidas?

Perfeição por Renato Russo

Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...

domingo, 2 de novembro de 2008

Faz tempo...

Faz algum tempo que eu não escrevo devido a minha desorganização pessoal. Na verdade nunca falta material para retratar o quanto é “maravilhoso”, e ”lindo” ser bipolar. Algo que vem sido até mesmo cultuado por alguns “irmãozinhos”. Isso mesmo, algumas pessoas em sites sobre o tema opinam que jamais abririam mão de seus “super poderes”. Dos meus dois distúrbios (tdah e tab), eu nem sei mais qual é qual, influenciando a minha vida. Não sei se é o meu distúrbio bipolar influenciando o TDAH, ou o TDAH influenciando o meu lado bipolar. Sobre os “super poderes”? Como é maravilhoso não conseguir cumprir as tarefas até o fim, ter sérias dificuldades em realizar cálculos que já deveriam ter sido dominados no colegial, sofrer altos e baixos, entre a mania e a euforia, ser classificado como excêntrico ou esquisito, não conseguir manter um relacionamento amoroso, passar o resto da vida tomando um coquetel de remédios para a bipolaridade não te matar, ser obrigado a fazer exame de sangue freqüentemente, para que os remédios não te intoxicarem. Hepatotoxidade – os rins parando de funcionar por excesso de lítio (por exemplo). Quer coisa pior? Não tome os remédios, e talvez nos vejamos no mesmo hospital psiquiátrico que eu trabalho. Já internei uns quatro “irmãozinhos” por este motivo. Posso dizer que esta é uma luta solitária. Dão tapinhas nas suas costas e dizem entender. Não... Eles não entendem!

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Lithium (tradução)
Evanescence
Composição: Amy Lee

Lítio

Lítio - não quero me trancar por dentro
Lítio - não quero esquecer de como é sentir falta
Lítio - eu quero permanecer apaixonado pela minha tristeza
Oh, meu Deus, eu quero deixá-la ir

Venha para a cama, não me faça dormir sozinha
Não poderia esconder o vazio que você deixou à mostra
Nunca quis que fosse tão frio
Apenas não bebeu o suficiente, para dizer que me ama

Não posso me acalmar!
Pergunto-me o que há de errado comigo?

Lítio - não quero me trancar por dentro
Lítio - não quero esquecer de como é sentir falta
Lítio - eu quero permanecer apaixonado pela minha tristeza
Ohhhhhhhhhhhhhhh

Não quero deixar ele me deixar pra baixo desta vez
Afogar minha vontade de voar
Aqui na escuridão eu me conheço
Não posso me libertar até que deixe ir
Deixem-me ir

Querido, eu perdôo você por tudo
Qualquer coisa é melhor do que ficar sozinha
E no final eu acho que eu tinha que cair
Sempre encontro o meu lugar entre as cinzas

Não posso me acalmar
Me pergunto, o que há de errado comigo?

Lítio - não quero me trancar por dentro
Lítio - não quero esquecer de como é sentir falta
Lítio - ainda estou apaixonada por você
Oh, eu quero deixá-la ir

sábado, 1 de novembro de 2008

Novembro

Novembro é o décimo primeiro mês do ano no calendário gregoriano,
tendo a duração de 30 dias. Novembro deve o seu nome à palavra latina novem (nove),
dado que era o nono mês do calendário romano, que começava em março.

Datas Comemorativas

    * Dia de Todos os Santos, um feriado cristão. A observância é no dia 1º de novembro, o dia depois do Dia das Bruxas. Na Suécia o feriado oficial de Todos os Santos ocorre no primeiro sábado de novembro.
    * Na Irlanda o 1 de novembro é tratado como o primeiro dia do inverno.
    * Dia de São Martinho de Porres, comemorado em 3 de novembro, patrono dos mestiços católicos.

No Brasil

    * 5 de novembro Dia do Radioamador Brasileiro, Dia do Técnico em Eletrônica
    * 15 de novembro Dia da Proclamação da República no Brasil.
    * 19 de novembro Dia da Bandeira Brasileira no Brasil.
    * 20 de novembro Dia da Consciência Negra no Brasil, feriado municipal em algumas cidades do país.
    * 1891 - Primeira Revolta da armada - Rio de Janeiro - Brasil

domingo, 14 de setembro de 2008

Nota

A proposta destas páginas é mostrar a vida de uma pessoa com transtorno bipolar de humor e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O que tento relatar aqui não é apenas sobre psiquiatria, psicologia, farmacologia, sangue, tentativas de suicídio, depressão, etc. Acredito que o pior já tenha passado, apesar do diabo estar sempre me perseguindo através das minhas oscilações e as intercorrências que algumas vezes (quase) me deixaram sem médico ou sem os remédios que tanto preciso. Vou tocando minha vida e muitas vezes tenho orgulho de mim mesmo por conseguir atravessar situações que antes me deixariam extremamente depressivo. Estou me desenvolvendo, aos poucos e muito lentamente. Pena não vivermos duzentos anos. Só assim, eu conseguiria ser a pessoa que tanto gostaria de ser. O que realmente desejo escrever aqui é sobre o meu cotidiano, os atritos, as trocas, perdas e ganhos. Se para um ser humano qualquer já é difícil enfrentar atritos, dificuldades ou perdas, como seria isso para um bipolar? Devo dizer que para isso conto com a ajuda de uma amiga que banca minha terapia, um monte de comprimidos consumidos ao longo do dia e minha força de vontade. Minha família pouco participa. Para falar a verdade sou lembrado como bipolar apenas quando precisam de argumentos para me desclassificar. Ironicamente trabalho num instituto de psiquiatria como enfermeiro voluntário. Sempre encontro pessoas com a mesma patologia que eu. Algumas eu cheguei a ajudar nas internações, outras conversei dando suporte terapêutico. É estranho quando vemos a coisa por outro ângulo. Pessoas em situações e comportamentos a beira da psicose. Situações que eu vivi um dia. Personalidades depressivas, desesperadas, chorosas, sem esperanças, sensuais, confrontantes, prepotentes, arrogantes ou com idéias de grandeza. Nada mais do que sintomas da mania e da euforia. O Ying e o Yang da Bipolaridade. Sempre aparece algum santo que por não viver esta realidade ou ter um filho ou esposa comprometida culpa a própria pessoa pela genética que carrega. Diz ser falta de Deus, falta do que fazer, falta de... Aos ignorantes e alienados de plantão, peço que prestem serviço comunitário ou pelo menos visitem um hospital ou abrigo psiquiátrico, para que possam conhecer o que é esquizofrenia, bipolaridade, pessoas que sofrem de transtornos alimentares, demências e tantos outros demônios que podem aterrorizar a psique humana. Garanto que nunca mais serão os mesmos.


Cotidiano

Final de ano e todos aqueles sentimentos mistos. Falta grana, carro, mulheres e os poucos amigos estão cada vez mais distantes. Aos 33 anos assisto meus amigos fazerem o que eu fiz aos 24. Tornam-se pais, casam, noivam ou vão morar com alguém. Comecei cedo e hoje depois de me separar vou curtindo a vida de solteiro a uns 7 anos. Tudo estaria bem se houvesse em minhas mãos o que preciso. Terminei a faculdade no meio do ano e agora me submeto ao trabalho como enfermeiro voluntário sem ganhar um puto. Antes? Eu também não tinha muito, mas dava aulas em academias cheias de garotas, alunos bacanas e um pouco de popularidade. Sempre aparecia alguém dando bola para o professor sem carro ou grana, mas que era bonitinho e engraçado. Resolvi jogar tudo para cima e ficar com a enfermagem. Minhas escolhas e minhas opções? Não, na verdade não foram minhas escolhas. Um dia eu conto como vim para aqui. Hoje só quero dar um parâmetro de onde estou. A minha filha de 10 anos nascida durante o meu casamento nunca disse a palavra “Pai”. Minha ex-sogra disse que isso é conseqüência da raiva e das idéias que minha excelentíssima ex-mulher. O hospital do qual sou voluntário andou realizando alguns processos para admissão de novos funcionários. Estando eu sem trabalho e ferrado da vida, resolvi ir cheio de esperança e vontade. As vagas? Já estavam reservadas para puxa sacos, amigos e bajuladores. Isso não era novidade dentro do instituto, mas só me avisaram em cima da hora. Funcionários antigos já haviam passado por isso. Ainda tirei uma onda com três colegas dizendo que eu havia certeza que Beltrana, Fulana e Cicrana seriam as escolhidas devido ao estado em que elas ficavam todas as vezes que determinados chefes tomavam banho e lavavam o saco. Quase se afogavam... Na verdade percebi pela intimidade que havia entre eles. Todos comentavam, eu não era o único. Rolou o que havia para rolar... Quem não era do bolinho preferido dos chefes de enfermagem ficou chupando o dedo e esperando. Sim, esperando o dia em que todo mal será extinto da face da terra. O dia em que as nuvens negras do céu serão varridas pela luz da paz, e esperança, e finalmente o Superhomem aparecerá defendendo os fracos e oprimidos. Vai esperando... Aqui é Brasil. Deixa uma caixinha na entrada que fica tudo bem... Depois escrevo mais...

Minha musiquinha em homenagem ao jeitinho brasileiro de “sermos”.

Eu cantava isso com quinze anos, algumas coisas não mudam...

Até Quando Esperar

Plebe Rude

Não é nossa culpa
Nascemos já com uma bênção
Mas isso não é desculpa
Pela má distribuição

Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua
fração

Até quando esperar

E cadê a esmola que nós damos
Sem perceber que aquele abençoado
Poderia ter sido você
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração

Até quando esperar a plebe ajoelhar
Esperando a ajuda de Deus
Até quando esperar a plebe ajoelhar
Esperando a ajuda de Deus

Posso
Vigiar teu carro
Te pedir trocados
Engraxar seus sapatos
Posso
Vigiar teu carro
Te pedir trocados
Engraxar seus sapatos

Sei
Não é nossa culpa
Nascemos já com uma bênção
Mas isso não é desculpa
Pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
Cadê sua fração
Até quando esperar
A plebe
ajoelhar
Até quando esperar
A plebe ajoelhar
Esperando a ajuda do divino Deus

sábado, 30 de agosto de 2008

SÁBADO CINZA EM SÃO PAULO.

Que venha a chuva, os alagamentos, o transito caótico, as casas alagadas na beira dos córregos e rios. Pois é! Aquele prefeito mentiu dizendo que resolveria isso. Você vai continuar pagando imposto e ele não fará nada a respeito. Assim como todas aquelas solicitações feitas na regional com lista de assinaturas dos moradores locais afetados, repórteres, matérias para jornais sensacionalistas, etc. Alegre-se! Sorria! Estamos perto das eleições, com um terno fino de corte italiano ele visitará o seu bairro, com novas promessas acabará por convence-lo novamente. Mais uma gestão. Só mais uma... E quando a chuva levar embora a sua tv, a geladeira comprada em trinta e seis prestações nas Casas Bahia, você perceberá que ele mentiu. Nada mudou! Piada sem graça, piada verdadeira.  “Povo marcado, povo feliz!” Pronto! Fiz meu discurso social e agora posso falar de mim. Depois de um mês de ausência resolvi passar na faculdade e providenciar a papelada necessária para dar entrada no Conselho Regional de Enfermagem. Um órgão que ao contrário de outros Conselhos, não serve para absolutamente nada. Este é o discurso feito por todos os meus colegas que já possuíam registro como auxiliares ou técnicos de enfermagem. Mas sem isso não posso procurar emprego. Preciso da carteirinha verde clara com minha foto 3X4. Esperarei os cinco dias úteis. Paguei a taxa solicitada apesar de estar sem grana. A vida segue... Estando ao lado de pessoas que estão exercendo a profissão fico mais motivado. Caso não haja emprego remunerado, vou passar um tempo como estagiário em alguma instituição. Não tenho escolha. Enquanto a terra prometida não vem, vou vivendo de ilusão. Sinto falta de dar aulas, do contato com as pessoas, e do bem estar que isso causava. Vou tomando Lítio, Carbomazepina, e Ritalina. Fazendo terapia através da ajuda de uma amiga. Sim, de uma amiga. Não tenho grana para isso, e ao mesmo tempo meus pais parecem ter uma fobia monstruosa sobre a possibilidade que eu volte dar aulas. Minha mãe sempre trás editais de concursos aonde à concorrência chega a mais de 150 pessoas por vagas. Remuneração baixa, pouca expectativa por enquanto. São divagações que me deixam distantes até mesmo da enfermagem que conclui a contragosto. Procurarei alguma especialidade que me agrade. Saúde mental ou geriatria. Se tudo der errado, faço uma pós em administração e exerço como auditor, ou trabalhando diretamente no administrativo. Ficarei barrigudo, careca e com a pressão alta. Arranjarei uma mulher que eu jamais teria coragem de ficar na época que eu dava aulas, e provavelmente serei contemplado com meu primeiro infarto aos 45 anos. Beberei e comerei compulsivamente para suportar a vida que levarei. Aos cinqüenta e poucos anos, arrumando uns embrulhos velhos deixados na garagem do meu carro pago em trinta e seis vezes, encontrarei no fundo de uma caixa um velho quimono e uma faixa preta. Lembranças aflorarão, e depois de muitas meditações sobre as escolhas que fiz na vida. Acabarei tomando uma decisão muito séria. Ao retornar para casa no início da noite minha mulher encontrará o meu corpo sobre o sofá da sala com uma garrafa de vodka pela metade, e alguns frascos de medicamentos para pressão totalmente vazios. Sobre a mesinha da sala uma carta com muitos agradecimentos, e pedidos de desculpas a várias pessoas.  Para que isso não se torne realidade eu preciso fazer algo que eu goste. Algo que me faça feliz. Só assim poderei encarar aquilo que pode castigar o meu ego. Serei um ótimo enfermeiro, mas continuarei sendo no meu horário vago aquilo que eu sempre sonhei. Viva a vida!!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Brasil X Argentina

O Brasil perde para a Argentina de três a zero nas olimpíadas. Com o orgulho nacional ferido a terra do futebol cai diante de seus principais rivais. Durante o jogo ouvi os xingos do meu pai devido à péssima atuação dos nossos craques. Eu digo f... e que continuem assim. Desta forma talvez, outros esportes como o taekwondo, boxe, luta olímpica e tantos outros que sofrem pela falta de patrocínio e divulgação começam a serem notados. Viva a Argentina e nossos magníficos craques. Amanhã já sabemos qual será o destaque na página principal da maioria dos jornais do país. Alias, se este tipo de noticia é o que mais faz vender jornal em nosso país, já podemos imaginar como o brasileiro está informado sobre política, economia e tudo aquilo que poderia torna-lo um leitor critico e consciente das realidades políticas de seu país. Viva o Ronaldinho Gaúcho!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Agosto

Agosto, do latim Augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. Este não queria ficar atrás de Júlio César, em honra de quem foi baptizado o mês de julho, e, portanto, quis que o "seu" mês também tivesse 31 dias. Antes dessa mudança, agosto era denominado Sextilis ou Sextil, visto que era o sexto mês no calendário de Rômulo (calendário romano).

Eclipse solar no início de agosto preocupa astrólogos chineses

Fenômeno seria sinal de azar para os Jogos Olímpicos O primeiro eclipse que será visto pelos chineses no século XXI acontecerá em 1º de agosto, a uma semana da abertura das Olimpíadas. E o que poderia ser considerado até uma atração a mais no ano em que a cidade de Pequim sediará os Jogos Olímpicos virou motivo de preocupação para os astrólogos do país. Segundo os estudiosos, o eclipse anulará o efeito positivo da data do início das olimpíadas, que foi escolhida após consulta a especialistas em estudos dos astros e a numerólogos. levou em conta a numerologia e superstições para tentar garantir a "boa sorte" do evento. O fenômeno poderá ser visto inicialmente em Xinjiang, província ocidental, e rumará para o leste, passando por Gansu, Ningxia, Shaanxi, e terminará em Henan. É fortíssima na cultura chinesa a interpretação de ‘sinais’ que podem trazer sorte ou azar a eventos, datas e até mesmo no dia-a-dia dos cidadãos.

Agosto é o mês do desgosto?

Fernanda Zampoli|Da Redação do site A Tribuna de Criciúma Sem feriados e logo após as férias, dando aquele ar de segunda-feira, inicia hoje o mês de agosto. A crendice popular o chama de “mês do desgosto”. Muitos são os significados e explicações que revelam o mês famoso. Há, por exemplo, quem não case de jeito nenhum nessa data. Uma série de acontecimentos desagradáveis na história se deu em agosto, talvez daí a crença. Os romanos deram ao oitavo mês do ano o nome de agosto em homenagem ao Imperador Augusto. Segundo alguns historiadores, as mulheres portuguesas não casavam no mês de agosto, pois nesta época os navios das expedições zarpavam à procura de novas terras. Casar em agosto significava ficar só, sem lua-de-mel e, às vezes, até mesmo, viúva. Os colonizadores portugueses trouxeram essa crença para o Brasil.

A verdade é que a crença popular de que agosto é o mês de desgosto não é somente um ditado popular com trocadilho, é, também, uma superstição internacional de grande aceitação entre as pessoas. As duas Guerras Mundiais iniciaram em agosto, mesmo mês em que Hiroshima e Nagazaki foram destruídas pela bomba atômica. No Brasil, destacam-se a morte de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros, a morte de Juscelino Kubitschek, entre outros.

Entretanto, a prova de que as pessoas crêem realmente nos poderes do oitavo mês do ano está nas agendas de casamento das igrejas. Conforme o pároco da Igreja São Donato, de Içara, Samiro Meurer, nos finais de semana são realizados até três casamentos por sábado. Contudo, em agosto, não chega a três o número de cerimônias durante todo o mês. "Ainda é uma superstição muito forte. É raro acontecerem casamentos neste mês. Quando os casais vêm agendar sempre tentamos conscientizá-los sobre isso", diz o padre.

Para a Igreja, segundo o sacerdote, o mês difere totalmente da crença popular. Em agosto além de ser comemorado o dia dos Pais, ainda são celebrados o dia do Padre, dia Dos Religiosos, Dia dos Leigos e do Catequista. "É um dos melhores meses para nós. Aconte- ceram fatos que decepcionaram e as pessoas relacionam. Para nós é um mês vocacional, de reflexão", explica o padre. A promoter de festas e eventos, Virgínia Cesconetto Strugale, revela que agosto é o mês em que menos organiza casamentos. Contudo, afirma que esta situação está mudando. "Maio, setembro e outubro ainda são os meses mais procurados.

Mas ano passado fizemos dois em agosto e este ano já temos um agendado. Quando casei isso era bem mais forte", ressalta. Para ela, inclusive, agosto contradiz a crendice. Virgínia se casou no oitavo mês do ano e desde então são 22 anos de vida em comum. "Nunca pensei assim, na época, muitas pessoas recomendaram para não casar em agosto, mas nunca dei ouvidos", afirma.

Muitas pessoas dizem ser descrentes na superstição

Fernanda Zampoli|
Da Redação

Nas ruas parece também que agosto já não é mais considerado o "patinho feio"do calendário. Em abordagem feita pela equipe de A Tribuna, as pessoas se mostraram descrentes na superstição. "Eu acho o contrário. Até mesmo pelos astros, pois quem nasce neste mês são pessoas de fibra, vencedoras. Tenho uma filha que casou neste mês, e que é muito feliz", afirma a dona-de-casa Dilma Castelan, 64 anos. Opinião parecida tem o pipoqueiro Deoclésio Cechinel, 47 anos. "Pra mim, superstição quem faz é a gente. Se agirmos certo tudo dá certo, mas se agirmos errado, tudo dará errado. O erro é o que fecha portas. Não acredito nestas coisas, não faz sentido. Acredito na capacidade do ser humano de querer e conseguir", opina Cechinel. Apesar de muita gente se dizer incrédulo nos azares próprios do mês de agosto, muitos não se casam, não se mudam, não viajam e não fazem negócios em agosto. A verdade é que as pessoas - acreditando ou não - preferem não brincar com o mágico, o sobrenatural. Coincidências ou não, as crenças que permeiam os dias de agosto o levaram a ser considerado o Mês do Folclore.

Alguns fatos do mês de agosto:

Brasil

24/08/1954 - Tido como o maior estadista que o Brasil já teve no governo, o presidente Getúlio Vargas se suicida, no Rio de Janeiro, para escapar à pressão dos adversários que o atacavam, aproveitando o "mar de lama" que havia invadido seu governo;
25/08/1961 - "Forças ocultas" levam Jânio Quadros a renunciar, deflagrando uma crise política. O vice, João Goulart, que estava em viagem à China, termina vítima de um golpe militar dois anos depois;
22/08/1976 - O ex-presidente Juscelino Kubitschek morre em um acidente automobilístico cujas causas até hoje não foram bem esclarecidas;
25/08/1992 - A CPI do PC aprova o relatório final dos trabalhos, incriminando o presidente Fernando Collor e deflagrando o processo de impeachment.

Mundo:

24 de agosto de 1572: Catarina de Medici ordenou o massacre de São Bartolomeu, que ceifou milhares de vidas.
14 de agosto de 1831: os poloneses foram vencidos pelos russos na chamada revolta de Varsóvia e muita gente morreu sonhando com a liberdade.
14 de agosto de 1844: a França invadiu Marrocos.
11 de agosto de 1863: a França dominou o Cambodja.
6 de agosto de 1890: o primeiro homem foi eletrocutado numa cadeira elétrica.
24 de agosto de 1910: o Japão invadiu a Coréia, às custas de muito sangue.
1º de agosto de 1914: começou a 1ª Grande Guerra Mundial.
27 de agosto de 1923: a Itália se apoderou, pela força das armas, da ilha de Corfu.
2 de agosto de 1932: com a morte de Hinderiburgo, Hitler assume o governo da Alemanha.
8 de agosto de 1937: a cidade de Pequim é invadida pelos japoneses no dia.
Agosto de 1939: inicia a II Grande Guerra Mundial.
6 e 9 de agosto de 1945: Hiroshima e Nagazaki foram destruídas pela bomba atômica.
Dia 13 de agosto de 1961: foi iniciada a construção de um muro, em Berlim.

Curiosidades:

Na Alemanha, entretanto, as mulheres não acreditam no poder mágico da superstição. Enquanto em muitos países maio é o mês das noivas, lá as moças sonham casar no mês de agosto. Na Argentina, não é aconselhável lavar a cabeça durante todo o mês de agosto. Quem lava a cabeça em agosto está chamando a morte.
A verdade é que a crença popular de que agosto é o mês de desgosto não é somente um ditado popular que rima; é, também, uma superstição internacional de grande aceitação entre nós, principalmente na zona rural do país, destacando-se, de modo muito particular, em todo o Nordeste, onde o processo de colonização foi homogeneamente português.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Hiperativos Famosos

August Rodin - (1840 - 1917) - artista plástico/escultor
Van Gogh – artista plástico 
Tolstoy – escritor 
Steven Spielberg - diretor de cinema 
Socrates – filósofo  Muhammad Anwar al-Sadat - (1918-1981) – presidente egípcio,ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1976  
Pablo Picasso - (1882-1973) – artista plástico
Nostradamus - (1503-1566) – físico e profeta 
Sir Issac Newton - (1642-1727) – cientista e matemático
Napoleon Bonaparte - (1769-1873) – imperador
Wolfgang Amadeus Mozart - (1756-1791) – músico
Abraham Lincoln - (1809-1865) – presidente dos EUA
John Lennon - (1940-1980) – compositor (um dos Beatles)
Micheal Jordan – jogador de basquete
Magic Johnson – jogador de basquete
Dustin Hoffman – ator
Ernest Hemingway – escritor
Whoopi Goldberg – atriz
Danny Glover – ator
Galileo (Galilei) - (1564-1642) – matemático/astrônomo
Albert Einstein - (1879-1955) – físico(só falou com 4 anos e só leu com 7 anos)
Thomas Edison - (1847-1931) - inventor da lâmpada(suas professoras disseram que ele era tão estúpidoque não seria capaz de aprender nada)
Kirk Douglas - ator
Walt Disney – (1901 - 1966 ) – criador do império “Disney” (um editor de jornal o demitiu porque ele não
 tinha       boas idéias)
Leonardo da Vinci - (1452-1519) – inventor/artista plástico
Salvador Dali – pintor
Tom Cruise - ator
Bill Cosby - ator
Cher – atriz/cantora
 
Jim Carrey – ator
Beethoven (1770-1827) – compositor
Alexander Graham Bell - (1862-1939)Inventor do telefone

IMPERTIVISMO por Ricardo Roberto da Silveira

Ricardo Roberto da Silveira. Professor do Curso de Educação Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí – FACTU. Mestrando em Ciências do Ensino Superior.

Dirceia Morato Alves Campos. Pedagoga,Esp.

1.0. Introdução

Na última década grandes avanços foram obtidos na área de estudo sobre o TDAH. O quadro clínico está mais definido. Vários fatores etiológicos estão sendo investigados, particularmente na área biológica, como anormalidades nos circuitos subcórtico-frontais.De acordo com (Rohder,2003) os estudos da etiologia do TDAH está na infância. Também em relação a genética, intensamente investigada, os resultados são contraditórios, e nenhum gem pode ser considerado como o suficiente para o desenvolvimento desse transtorno. Isso se deve a grande heterogeneidade etiológica representada pela alta complexidade clínica da doença. O futuro do estudo da etiologia do TDAH envolve, certamente, a definição de possíveis “subfenótipos” no qual essa heterogeneidade esteja reduzida, sendo também muitas respostas positivas nas investigações antes de acertar um agente ambiental ou um gene como fator sustentável. A identificação dos possíveis fatores genéticos e ambientais é fundamental, uma vez que essa informação está diretamente relacionada ao esclarecimento da patofisiologia do TDAH e, a seu tratamento e prevenção. Um maior conhecimento ajudará na caracterização dos diferentes tipos da doença, determinando condições mais específicas, e , por tanto, mais eficazes do tratamento, ainda, a vulnerabilidade do TDAH poderá ser detectada precocemente, possibilitando se assim, o desenvolvimento das estratégias de prevenção. O crescimento nas pesquisas sobre a etiología do TDAH será extremadamente relevante para uma prática da psiquiatria da infância e da adolescência, também para os pacientes e suas famílias.

2.0. Conhecimentos sobre TDAH

Os maiores conhecimentos sobre TDAH provêm dos estudos feitos na população na idade escolar do ensino primário. O número de investigações científicas encontradas na idade pré-escolar, jovens e adultos, é significativamente menor. O presente trabalho tem como objetivo explicar a situação deste tipo de estudantes no Brasil e a necessidade de preparar os professores para trabalhar com eles e aumentar a qualidade da educação.Analisando as investigações educativas sobre o tema encontra se que Blanco afirma em (Rohde,2003) que o sistema educacional tem concentrado os objetivos do ensino no âmbito cognitivo, esses objetivos têm sido os mesmos para todos os alunos, e o ponto de referência é o aluno padrão. Tal posicionamento levou a uma situação caracterizada pela homogeneização e inflexibilidade do ensino, avaliação do tipo normativo com objetivos iguais para todos e, finalmente, a uma organização das atividades do ensino nos quais todos têm que fazer tudo ao mesmo tempo. A escola atual com freqüência desconsidera as diferenças individuais e está pouco aberta as diversidades, sendo, muitas vezes, incapaz de adequar recursos e metodologias tanto aos alunos que deles necessitam como aqueles que requerem qualquer tipo de resposta mais individualizada, de caráter transitório ou permanente. Uma escola aberta as diversidades tem que dar respostas as necessidades concretas de todos os alunos. Nesse sentido recorda se que muitas das dificuldades da aprendizagem é a mal adaptação escolar do aluno com TDAH que se intensifica não somente em razão de um planejamento educacional rígido e inadequado enquanto aos objetivos e metodologia, também pela falta de interação apropriada com o professor ou com o grupo de iguais. A presença dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular implica, obrigatoriamente, a modificação dos esquemas que produzem a desintegração desses alunos em determinado momento.

3.0. A educação especial na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - 9394/96 dedica um capítulo específico a educação especial, desejando bem claro o papel e as obrigações das instituições sobre a adequação do ensino aos alunos com necessidades especiais, entre as quais poderíamos incluir o TDAH, embora, esse transtorno não seja citado.

No artigo 59, se expõe:

Os sistemas de ensino asseguram aos alunos com necessidades especiais:I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender suas necessidades;II – terminalidade específica para aqueles que não poderão alcançar o nívelexigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude desuas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo oprograma escolar para superdotados;III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,para atenção especializada, e professores do ensino regular capacitados para a integração desses alunos nas salas comuns.Portanto, a possibilidade de flexibilidade na implantação dos currículos adaptados, com processos de avaliação diferenciados e estratégias individualizadas, é amplamente prevista e incentivada pelo órgão regulador. Na maioria das vezes, a prática demonstra que o sistema educacional, ainda está bastante estratificado, e os professores encontram dificuldades, algumas insuperáveis, para fazer as adaptações que são necessárias para atender ao aluno com TDAH. Diante das dificuldades encontradas pelos profissionais da educação que se deparam cada vez mais com os alunos portadores de TDAH, percebe se a necessidade de desenvolver maiores estudos para a compreensão do assunto e com isso propor novos programas de ação buscando uma formação de alta qualidade para que possam atender aos alunos com TDAH, pois percebe se que estes necessitam de atenção especial porque apresentam um grande déficit de atenção, ou não conseguem concentrar sua atenção nas aulas para poderem compreender os conteúdos ensinados, ainda são muitos agitados, não conseguem controlar se sozinhos e isso pode causar grandes problemas de socialização e convivência com seus professores e seus colegas, uma vez que esses colegas em sua maioria são alunos normais e não conseguem entender os motivos de alguns colegas que são hiperativos, não prestam atenção nas aulas, muitas vezes brigam com outros colegas, não obedecem aos professores; enfim, vivem causando problemas. Os professores por sua vez, têm grandes dificuldades para manter a disciplina em suas classes, pois não conhecem o problema desses alunos, não sabem que necessitam trabalhar juntos com profissionais da medicina, da psicologia e principalmente com os pais. Depois que os professores conhecem o problema, fica mais fácil trabalhar com alunos com e sem TDAH, inclusive porque nas escolas de ensino fundamental não tem classes somente com alunos com TDAH e hoje em dia é muito difícil encontrar uma classe que não tem nenhum aluno com esse transtorno.

4.0. Conclusões

Atualmente, por exigência na área educacional, os professores têm procurado mais informações, mas ainda assim, no caso do TDAH não é fácil detectar o problema porque pode manifestar se somente mediante um dos transtornos, ou seja, somente déficit de atenção, ou somente hiperatividade ou impulsividade, ou como os médicos chamam, o TDAH combinado. Quando se trata do TDAH combinado, este é detectado com mais facilidade que os outros casos, por tanto, se esses profissionais não conhecem nada de TDAH, não saberão do que se trata.De acordo com as conclusões obtidas, verifica se a necessidade que as crianças com TDAH têm de uma atenção especial e que não a encontram em sua vida acadêmica.A presença dos professores compreensivos, que conheçam o transtorno, a disponibilidade dos sistemas de apoio e oportunidades para que esses alunos se integrem nas atividades que conduzem o êxito na sala de aula são imprescindíveis para que a criança com TDAH possa desenvolver todo seu potencial.

5.0. Referências Bibliográficas

BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Diretrizes aos alunos portadores de altas habilidades: superdotação e talentos/Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: MEC/SEESP,1995.50P.

BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Subsídios para organização e funcionamento de serviços de educação especial: Deficiência/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC/SEESP, 1995, p. 65.MACHADO J.B. Superdotado: como nidificar, desenvolver, integrar: coletânia de dados. Rio de Janeiro: Rotary Club do Rio de Janeiro, 1989.

MACHANO.J. Educação Especial dos superdotados Rio de Janeiro: ABSD, 1986.

ROHDE, Luís Augusto P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003.

SAVIANI, D. A nova lei da educação(LDB): trajetória, limites e perspectivas. 5 ed.

Campinas: Autores Associados, 1999. 262 p.

Livros interessantes sobre transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: Mentes Inquietas: Entendendo Melhor o Mundo das Pessoas Distraídas, Impulsivas e Hiperativas

Autora: Ana Beatriz B. Souza.

Editora: Gente / São Paulo12ª Edição / 222 páginas.

De autoria de Ana Beatriz Barbosa Silva, médica com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ e especialização em Medicina do Comportamento pela Universidade de Chicago, Estados Unidos.Por ser uma obra densa e recheada de exemplos reais, colocarei aqui algumas coisas que me chamaram especial atenção numa visão geral deste livro.Pessoas com sintomas típicos como desatenção, desorganização e atabaolhamento, muitas vezes são vistas como não tendo jeito e muitas vezes levam uma vida soterrada por críticas e culpa. Mente Inquieta (cérebro com funcionamento DDA), não significa um cérebro defeituoso. Seu comportamento peculiar é responsável pelas suas melhores características, bem como suas maiores angústias. O livro aborda vários traços comportamentais de pessoas com mente inquieta. Citarei algumas:- Desvia a atenção por qualquer estímulo;- Dificuldade em prestar atenção na fala de outros;- Desorganização cotidiana;- Dificuldade com atividades obrigatórias de longa duração;- Interromper as tarefas no meio;- Tendência a estar sempre ocupado;- Costume de fazer várias coisas ao mesmo tempo;- Hipersensibilidade;- Instabilidade de humor;- Tendência ao desespero;- Depressões freqüentes entre outros.Para essas pessoas, é um desafio adequar-se ao ritmo não-elétrico dos outros. Um caso real que achei interessante foi de um Contador que sentia-se tolhido numa escada rolante.Para ele, escada rolante significava tortura, de forma que ele a subia normalmente. Uma vez que a escada se move, ele rapidamente chegava ao topo enquanto as pessoas aguardavam calmamente o movimento da escada.São traços que como diz a autora, podem ‘cair mal’ para quem precisa trabalhar em funções burocráticas, rotineiras ou repetitivas ao passo que é positivo para quem exercita a criatividade como compositor ou artista.Achei curiosa a abordagem da afetividade nessas pessoas: emoção em excesso e escassez de razão. São pessoas que amam intensamente no interior de suas mentes, mas não conseguem colocar em prática o que vivem em seus pensamentos. Muitas vezes, seus parceiros sequer imaginam que são objetos de tão nobres sentimentos. Felizmente toda essa emoção tende a transformar-se em poesias, obras literárias ou músicas. Semelhante a um vulcão inativo, a pessoa pode apresentar-se calma e tranqüila externamente, mas por dentro, mantém-se agitado e inquieto.A autora cita o nome de alguns famosos que apresentavam esses traços. Citarei alguns:Fernando Pessoa – Em sua obra há traços de inquietação, contradição, devaneios, dificuldade em seguir regras. (Como no poema “Liberdade”: Ai que prazer/ não cumprir um dever/ ter um livro pra ler/ e não o fazer...) Criou por isso vários ‘eus’, os heterônimos, indicando uma personalidade inquieta e de humor instável.Leonardo da Vinci – Uma mente movida por inquietação. Além de pintor, foi arquiteto, botânico, urbanista, cenógrafo, cozinheiro, inventor, geógrafo, físico e até músico. Deixou uma infinidade de obras inacabadas por começar vários projetos ao mesmo tempo, característica desse tipo de funcionamento mental.Ludwig Van Beethoven – Inquieto, polêmico e incompreendido. Era acometido de devaneios e distrações, segundo seus amigos. Produziu obras geniais sem escutá-las. Elas brotavam de sua mente inquieta, imune à sua surdez.Pessoas com este problema tem vulnerabilidade para desenvolver outros transtornos como TOC, Fobias, Pânico, Depressão, transtornos alimentares e de humor, para citar alguns.A autora dedica um capítulo ao maior desafio: a difícil tarefa de dormir bem e orienta como relaxar um cérebro a mil por hora. Em suma, Mentes Inquietas é um guia para quem apresenta esse funcionamento cerebral que mescla desafios vários com muita criatividade. A autora transmite uma visão otimista sobre o problema e uma variedade de recursos para tratamento. Tirei muito proveito desta leitura e por isso a recomendo.

Sandra Lima Costa Melo
Publicado no Recanto das Letras em 25/02/2008

Trecho do livro: Resolvemos elaborar, com base empírica advinda da experiência clínica, uma tabela com cinqüenta critérios sugeridos para DDA na população adulta. Procuramos, dentro do que foi possível, buscar critérios relacionados com a vida cotidiana, visando facilitar a auto (de si próprio) e/ou hetero (do outro) identificação, bem como seu entendimento prático. Ao ler a lista a seguir, considere a freqüência e a intensidade com as quais as situações ocorrem e pense na possibilidade de caracterizar um funcionamento DDA se, pelo menos, trinta e cinco das opções forem positivas. Cabe destacar, ainda, que a lista foi subdividida em quatro grandes grupos para enfatizar situações decorrentes dos sintomas primários do DDA (desatenção, hiperatividade e impulsividade), bem como situações secundárias, ou seja, aquelas que quase sempre aparecerão como consequência do próprio “desgaste” do cérebro DDA e das dificuldades crônicas enfrentadas por essas pessoas nos diversos setores de suas vidas afetiva/familiar, social e profissional.

1º Grupo: Instabilidade da atenção:

1. Desvia facilmente sua atenção do que está fazendo, quando recebe um pequeno estímulo. Um assobio do vizinho é suficiente para interromper uma leitura.
2. Tem dificuldade em prestar atenção à fala dos outros. Numa conversa com outra pessoa tende a captar apenas “pedaços” soltos do assunto.
3. Desorganização cotidiana. Tende a perder objetos (chaves, celular, canetas, papéis), atrasar-se ou faltar a compromissos, esquecer o dia de pagamento das contas (luz, gás, telefone, seguro).
4. Freqüentemente apresenta “brancos” durante uma conversa. A pessoa está explicando um assunto e no meio da fala esquece o que ia dizer.
5. Tendência a interromper a fala do outro. No meio de uma conversa lembra de algo e fala sem esperar o outro completar seu raciocínio.
6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita. Esquece uma palavra no meio de uma frase ou pronuncia errado palavras longas como “cineangiocoronariografia”.
7. Presença de hiperfoco (concentração intensa em um único assunto num determinado período). Um DDA pode ficar horas a fio no computador sem se dar conta do que acontece ao seu redor.
8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração. Participar como ouvinte de uma palestra em que o tema não seja motivo de grande interesse e não o faça entrar em hiperfoco.
9. Interrompe tarefas no meio. Um DDA freqüentemente não lê um artigo de revista até o fim, ou ouve um CD inteiro.

2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental:

10. Dificuldade em permanecer sentado por muito tempo. Durante uma palestra ou sessão de cinema costuma mexer-se o tempo todo na tentativa de permanecer em seu lugar.
11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos. São os indivíduos que têm os pés “nervosos”, girando suas cadeiras de trabalho, ou que estão sempre com suas mãos ocupadas, pegando objetos, desenhando em papéis ou ainda ajeitando suas roupas ou seus cabelos.
12. Constante sensação de inquietação ou ansiedade. Um DDA sempre tem a sensação de que tem algo a fazer ou pensar, de que alguma coisa está faltando.
13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em relação a si ou com os outros. São as pessoas que ficam “remoendo” sobre suas falhas cometidas, ou ainda sobre os problemas de amigos ou conhecidos.
14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo. É a pessoa que lê e vê TV ou ouve música simultaneamente.
15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo. Um exemplo é a pessoa que tem várias idéias simultaneamente e acaba por não levar a cabo nenhuma delas em função desta dispersão.
16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos fortes, como dirigir em alta velocidade.
17. Freqüentemente fala sem parar, monopolizando as conversas em grupo. É a pessoa que fala sem se dar conta de que as outras estão tentando emitir suas opiniões (além de não se dar conta do impacto que o conteúdo do seu discurso pode estar causando a outras pessoas).

3º Grupo: Impulsividade:

18. Baixa tolerância à frustração. Quando quer algo não consegue esperar, se lança impulsivamente numa tarefa, mas, como tudo na vida requer tempo, tende a se frustrar e desanimar facilmente.
19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta. Não consegue conter o impulso de responder ao primeiro estímulo criado pelo início de uma pergunta.
20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à mente sem filtrar o que vai ser dito. Durante uma discussão, um DDA pode deixar escapar ofensas impulsivas.
21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo. Filas, telefonemas, atendimento em lojas ou restaurantes podem ser uma tortura.
22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar etc. É aquela pessoa que rompe um relacionamento várias vezes e volta logo depois, arrependida.
23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição. É o tipo
de pessoa que explode de raiva ao sentir-se rejeitada.
24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas. Um exemplo seria o trabalhador que teima em não usar equipamentos de segurança, apesar de saber da importância destes.
25. Compulsividade. Na realidade a compulsão ocorre pela repetição constante dos impulsos, os quais, com o tempo, passam a fazer parte da vida dessas pessoas, como as compulsões por compras, jogos, alimentação etc.
26. Sexualidade instável. Tende a apresentar períodos de grande impulsividade sexual alternados com fases de baixo desejo.
27. Ações contraditórias. Um DDA é capaz de ter uma explosão de raiva por causa de um pequeno detalhe (por mexerem em sua mesa de trabalho, por exemplo) numa hora e, poucos momentos mais tarde, ser capaz de uma grande demonstração de afeto, através de um belo cartão, flores ou um carinho explícito. Ou ainda ser um homem arrojado e moderno no trabalho e, ao mesmo tempo, tradicional e conservador no âmbito familiar e afetivo.
28. Hipersensibilidade. O DDA costuma melindrar-se facilmente. Uma simples observação desfavorável sobre a cor de seus sapatos é suficiente para deixá-lo internamente arrasado, sentindo-se inadequado.
29. Hiper-reatividade. Essa é uma característica que faz com que o DDA se contagie facilmente com os sentimentos dos outros. Pode ficar profundamente triste ao ver alguém chorar, mesmo sem saber o motivo, ao mesmo tempo que pode ficar muito agitado ou irritado em ambientes barulhentos ou em presença de multidão.
30. Tendência a culpar os outros. Um DDA muitas vezes poderá culpar outra pessoa por seus fracassos e erros, como o aluno que culpa o colega de turma por ter errado em uma questão da prova, já que este colega estava cantarolando baixinho na hora.
31. Mudanças bruscas e repentinas de humor (instabilidade de humor). O DDA costuma mudar de humor rapidamente, várias vezes no mesmo dia, dependendo dos acontecimentos externos ou ainda do seu estado cerebral, uma vez que o cérebro do DDA pode entrar em exaustão, prejudicando a modulação do seu estado de humor.
32. Tendência a ser muito criativo e intuitivo. O impulso criativo do DDA é talvez a maior de suas virtudes. Pode se manifestar nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
33. Tendência ao “desespero”. Quando um DDA se vê diante de uma dificuldade, seja ela de qualquer ordem, ele tende a vê-la como algo impossível de ser transposto e com isso sente-se tomado por uma grande sensação de incapacidade. Sua primeira reação é o “desespero”. Só mais tarde consegue raciocinar e constatar o verdadeiro “peso” que o problema tem. Isso ocorre porque seu cérebro apresenta dificuldade em acionar uma parte da memória chamada funcional, cujo objetivo é trazer à mente situações vividas no passado e utilizá-las como instrumentos capazes de ajudar a encontrar saídas para as mais diversas problemáticas.

4º Grupo: Sintomas secundários:

34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para a sua real capacidade.
35. Baixa auto-estima. Em geral o DDA sofre desde muito cedo uma grande carga de repreensões e críticas negativas. Sem compreender o porquê disso, ele tende, com o passar do tempo, a ver-se de maneira depreciativa e passa a ter como referência pessoas externas e não ele próprio.
36. Dependência química. Pode ocorrer como conseqüência do uso abusivo e impulsivo de drogas durante vários anos.
37. Depressões freqüentes. Ocorrem em geral por uma exaustão cerebral associada às frustrações provenientes de relacionamentos malsucedidos e fracassos profissionais e sociais.
38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos, conforme será visto na parte referente à dificuldade afetiva dos DDAs.
39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho. Tais fatos ocorrem pela combinação nada produtiva de desorganização aliada a uma grande insegurança pessoal.
40. Baixa tolerância ao estresse. Toda situação de estresse leva a um desgaste intenso da atividade cerebral. No caso de um cérebro DDA esse desgaste apresentar-se-á de maneira mais marcante.
41. Tendência a apresentar um lado “criança” que aparecerá, por toda a vida, na forma de brincadeiras, humor refinado, caprichos pensamentos mágicos e intensa capacidade de fantasiar fatos e histórias.
42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos. Isso ocorre em função da dificuldade do DDA de concentrarse nos atos e de controlar ou coordenar a intensidade de seus movimentos.
43. Tendência a apresentar uma caligrafia de difícil entendimento.
44. Tensão pré-menstrual muito marcada. Ao que tudo indica, em função das alterações hormonais durante esse período, que intensificam os sintomas do DDA. A retenção de líquido que ocorre durante os dias que antecedem a menstruação parece ser um dos fatores mais importantes.
45. Dificuldades em orientação espacial. Encontrar o carro no estacionamento do shopping quase sempre é um desafio para um DDA.
46. Avaliação temporal prejudicada. Esperar por um DDA pode ser algo muito desagradável, pois em geral sua noção de tempo nunca corresponde ao tempo real.
47. Tendência à inversão dos horários de dormir. Em geral adormece e desperta tardiamente, por isso alguns deles acabam viciando-se em algum tipo de hipnótico.
48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos.
49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional, simultânea ou não.

E, finalmente, o último critério, que não se enquadra em nenhum dos quatro grupos de sintomas, mas tem sua relevância confirmada pelos estudos que apontam participação genética marcante na gênese do DDA:

50. História familiar positiva para DDA.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade


O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma doença, ou melhor
dizendo um transtorno neurobiológico, inicialmente vinculado a uma lesão cerebral mínima. Nos anos 60, devido à dificuldade de comprovação da lesão, sua definição adquiriu uma perspectiva mais funcional, caracterizando-se como uma síndrome de conduta, tendo como sintoma primordial a atividade motora excessiva. Existe também o Distúrbio do déficit de atenção sem hiperatividade. A doença nasce com o indivíduo e já aparece na pequena infância, quase sempre acompanhando o indivíduo por toda a sua vida.

O transtorno se caracteriza por sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta não mostrá-lo. Existem vários graus de manifestação do TDAH, os mais caracterizados são tratados com medicamentos, como o cloridrato de metilfenidato (Ritalina em sua versão comercial). Recebe às vezes o nome DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) ou SDA (Síndrome do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, as iniciais de Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD.)

Na década de 80, a partir de novas investigações, passou-se a ressaltar aspectos cognitivos da definição de síndrome, principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle, considerando-se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é submetida. É uma doença reconhecida pela OMS (Organização Mudial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos que têm este transtorno ou distúrbios quanto aos seus familiares. Há muita controvérsia sobre o assunto. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que, por tratar-se de um Transtorno Social, o indivíduo deve aprender a lidar com ele sem a utilização de medicamentos.

Segundo Rohde e Benczick o TDAH é um problema de saúde mental que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como a baixo desempenho escolar; podendo ser acompanhado de outros problemas de saúde mental. Os autores Rohde e Benczich, caracterizam o TDAH em dois grupos de sintomas.

Sintomas relacionados a desatenção: não prestar atenção a detalhes; ter dificuldade para concentrar-se; não prestar atenção ao que lhe é dito; ter dificuldade em seguir regras e instruções; desvia a atenção com outras atividade; não terminar o que começa; ser desorganizado; evitar atividades que exijam um esforço mental continuado; perder coisas importantes; distrair-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo; esquecer compromissos e tarefas; problemas financeiros; Tarefas complexas se tornam entediantes e
ficam esquecidas; dificuldade em fazer planejamento de curto ou de longo prazo



Os sintomas relacionados a hiperatividade/impulsividade: ficar remexendo as mãos e/ou os pés quando sentado; não permanecer sentado por muito tempo; pular, correr excessivamente em situações inadequadas; sensação interna de inquietude; ser barulhento em atividades lúdicas; ser muito agitado; falar em demasia; responder às perguntas antes de concluídas; ter dificuldade de esperar sua vez; intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.

Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses.

Causas:

As pesquisas têm apresentado como possíveis causas de TDAH a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias (chumbo) ou problemas familiares como: um funcionamento familiar caótico, alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução, famílias com baixo nível socio-econômico, ou famílias com apenas um dos pais. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças. Segundo Goldstein, alguns fatores podem propiciar o aparecimento do TDAH quando em condições favoráveis, por isso as causas do TDAH são de uma vulnerabilidade herdada ao transtorno que vai se manifestar de acordo com a presença de desencadeadores ambientais. A ansiedade, frustração, depressão ou criação imprópria podem levar ao comportamento hiperativo.

Quem pode diagnosticar TDAH:

O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, podendo ser feito por profissional que conheça profundamente o transtorno e uma vez diagnosticado, o tratamento baseia-se em medicação se necessário e acompanhamento psicológico, fonoaudiológico ou psicopedagógico. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra) ou psicólogo especializados podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam conexão com a região frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando aos sintomas semelhantes aos de TDAH. Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com TDAH, são basicamente a dopamina e a noradrenalina, que precisam ser estimuladas através de medicações.

Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de minorar os sintomas de déficit de atenção/hiperatividade, entretanto nem todas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso em si.

O uso de medicamentos.

É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso em si.

Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças, o que pode ser denomiado de Hiperatividade de fundo social, diferente de TDAH.
 
Nota: Alguns autores usam a terminologia Desordem em lugar de
Transtorno, portanto DDAH em lugar de TDAH.
 
fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Testando um Bipolar na faculdade – SEGUNDA PARTE

Argumentei que mais da metade do trabalho estava feito, que não havia necessidade disso, que os professores nos ajudariam, etc, etc. Obviamente não era isso que eu gostaria de dizer, mas apenas o que realmente passava pela minha cabeça, enquanto eu olhava a cara de descontentamento delas, seguia o monólogo. Tudo começou a ficar bem claro. Desde o início elas não desejavam fazer o trabalho, assim como tantos outros onde elas apenas apareciam para colocar o nome, este não seria exceção. Comecei então a faze-lo, da melhor maneira que eu podia. No início nossa professora coordenadora fez reuniões conosco para saber onde estávamos situados dentro do projeto. O que ainda faltava, quais itens poderiam ser incluídos, quais os próximos passos a serem dados. Ela mesma disse que muito já havia sido feito através do pré-projeto. Dei continuidade por onde ela nos orientou. Acrescentei os itens sugeridos e outros que eu acreditava serem necessários. Trocamos e-mails com as atualizações e mudanças que aos poucos moldavam o nosso (o meu) TCC. Quanto as minhas caras colegas, elas nunca responderam um e-mail durante todo o final do semestre. Num dado momento em que elas perceberam que eu havia tomado controle da situação, exigiram uma reunião entre nós para saber o que estava acontecendo. Fui de bom agrado. Para meu espanto, elas levaram a Patrícia para verificar se tudo o que eu havia feito estava dentro do que deveria ser um TCC. Fiquei puto da vida, mas não demonstrei nada e mantive a calma. Acho que aprendi a ser ainda mais cínico na faculdade. Começamos nossa conversa, elas mostraram um e-mail (eu repassava a elas os e-mails que por mim eram recebidos) da professora onde ela pedia a inclusão de um item no trabalho. A Irene sendo a mais barraqueira começou a falar alto, dizendo que não trabalhávamos em grupo, que a Patrícia estava ali para nos ajudar (estava ali para ajuda-las, quem nunca fez um trabalho sozinha não saberia fazer um TCC), que a professora havia pedido um item que estava atrasado, etc, etc, etc. Bem, eu fiz a cara mais calma do mundo e argumentei que desde as férias do semestre passado não havia nenhuma colaboração por parte delas, que após eu ter recebido a proposta de encomendarmos o TCC com a Patrícia, não havia mais respeito por elas e desde então comecei a fazer sozinho o trabalho. Houve mais grito, mais troca de acusações, eu mencionei todos os e-mails que foram enviados por mim relatando o desenvolvimento do trabalho com minhas opiniões inclusas. Se naquele instante fossemos avaliados pela banca, com certezas elas seriam reprovadas. A Irene disse que não havia recebido nenhum e-mail, Simone reforçou ainda mais este fato. Patrícia tentou contornar a situação dizendo que deveríamos ir com mais calma, trabalharmos em grupo, etc, etc. Mostrei a ela o item que a professora havia pedido, todo elaborado e impresso, argumentei que elas estavam desatualizadas como sempre. Irene ressaltou mais uma vez que eu não havia mandado nenhum e-mail. Respirei fundo e percebi que naquele instante haveria um “rachão”. Cada um para o seu lado, e provavelmente elas ficariam juntas, fariam todo seu teatro diante da professora coordenadora posicionando-se como vitimas e acabaria sobrando para mim. Eu não me importaria, desde que eu ficasse com o meu material e continuasse com o mesmo tema. Faltavam uns dois meses para a entrega. Eu poderia arriscar, perder ou vencer. Preferi dar espaço para a Patrícia com os seus argumentos “faça amor, não faça guerra”, acalmando o histerismo da Irene (sinceramente eu acho que era falta de p...). Iniciei novamente dizendo que estava tudo bem, que eu passaria a telefonar mais ao invés de mandar tantos e-mails, etc, etc. Acabamos a reunião, mais tarde ao chegar em casa na frente do computador, fui até a caixa de saída dos meus e-mails e imprimi cerca de 26 e-mails dentre os quais eu havia enviado para elas. Ainda havia uns 15, mas achei que a tinta da impressora não seria suficiente. Mostrei para a Patrícia que foi testemunha de todo aquele barraco. Ela disse que compreendia meus argumentos, que na verdade a Irene e a Simone não sabiam abrir ou puxar arquivos do e-mail. Esta era a verdade, mas que elas não admitiriam. Depois daquela guerra, percebi que eu teria que carrega-las nas costas, justamente aquelas que só estavam me f... Na verdade eu vi inúmeros outros casos em grupos da minha sala. Conversando com colegas, ou apenas observando, percebi que sempre há aqueles que se aproveitam dos outros. Eu não pude voltar atrás. Se não fosse assim, eu correria o risco de prejudicar tudo o que eu havia feito. No final eu ainda tive que ceder ainda mais, fingindo que elas estavam corretas quando na verdade estavam erradas, e quando um dos professores durante a apresentação percebeu algo e perguntou quem havia sido o líder do grupo e elas (pelo menos) indicaram nossa professora orientadora. Sei de todos os altos, e baixos que sofri. Das crises de mania, das inúmeras vontades de deixar aflorar meus sentimentos de manda-las para o inferno, enviar um e-mail para a professora explicando que eu estava trabalhando sozinho. Sofri todas as dores e humilhações, mas no final ficamos com uma nota dez. Algo que senti ter recebido sozinho. Não importa o que tenha acontecido, pois alguém tinha que estar realizando aquele trabalho que era tão importante e decisivo em nossa carreira acadêmica. Se demonstraram tanta tranqüilidade sendo omissas, enquanto todos os outros grupos evoluíam, era justamente por saberem que eu estava trabalhando. Foi o melhor trabalho de minha vida, mas não pretendo esconder mais quem eu sou.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Testando um Bipolar na faculdade - PRIMEIRA PARTE

Nesta semana estou começando a contabilizar todas as perdas e ganhos da minha última semana na faculdade. Na verdade ainda dependo do resultado de uma última matéria antes de poder considerar-me formado no curso de enfermagem. Testei até as últimas conseqüências, a terapia medicamentosa do qual venho me submetendo desde o início do semestre, além dos conselhos e autoconhecimento que obtive durante meus quatro anos de terapia psicanalítica. Paguei todos os meus pecados, e quase joguei tudo para o alto por causa do trio ridículo que formei com outras duas garotas que foram completamente omissas com o trabalho de conclusão de curso. Pensei em inúmeras vezes abandonar o trio e fazer sozinho o que já estava sendo de total responsabilidade minha. Eu nunca imaginava conhecer o “jeitinho brasileiro” personificado numa mulher, como conheci trabalhando com estas duas. Em especial a Irene que sempre chegava atrasada nos estágios, colava em todas as provas, evitava fazer esforço ao participar dos trabalhos em grupo e armava um grande barraco quando era contrariada. Adorava tomar cerveja e ir a baladas populares como forró, pagode e axé. Ia ao salão de cabeleireiro constantemente retocar a chapinha, tingir o cabelo de loiro, fazer as unhas. Embora dizia não ter grana para ajudar nas cópias e tantos outros materiais que tínhamos que correr atrás durante o semestre. A outra era a Simone. Não se diferenciava muito da Irene. Acho que existia uma simbiosidade entre as duas. Ambas trabalhavam no mesmo hospital, no mesmo horário, almoçavam nos mesmos lugares e sempre chegavam juntas dando cobertura uma a outra na assinatura de listas de presença. Esta última, no entanto, fez uma cirurgia plástica no nariz, desejava fazer uma lipoaspiração e sempre procurava produzir-se. Ao excesso algumas vezes. São boas pessoas para conversar, sair, falar mal dos professores ou divertir-se, mas são péssimas no quesito responsabilidades acadêmicas. Não vou condena-las totalmente, embora tenha sofrido muito com suas omissões, falta de responsabilidade, etc . Não havia desculpas para atrasos e falta de coordenação nas ações para a conclusão do trabalho. Antes do final do sétimo semestre já estavam bem definido quais seriam os grupos, os temas, o que deveria ser feito. Eu opinei em continuarmos com o mesmo tema do pré-projeto, aproveitando todo o material que já havíamos pesquisado anteriormente, restando apenas complementarmos um pouco mais sobre o assunto. É o ponto máximo do último semestre. É a guilhotina para muitos grupos que por “este”, ou “aquele” detalhe, são obrigados a ficarem mais seis meses na faculdade. Já vi pessoas chorarem durante a apresentação do TCC por diversos motivos. Há os que compram um TCC pronto e são descobertos, ou aqueles que desfazem o grupo na última semana, esquecem regras, etc. Há de tudo. Para o aumento da minha gastrite a nossa banca seria formada nada mais ou nada menos, que pela diretora e responsável do nosso curso de enfermagem, a Doutorada e grandessíssima f.d.p que já havia sido motivo de reclamações de muitos colegas, seja pela forma de ignorar nossas reivindicações e pedidos de melhoria para o nosso curso, ou quanto a maneira de nos ignorar ao procurá-la. O segundo era o excelentíssimo e cínico professor e responsável pelas nossas atividades acadêmicas e campos de estágio. Um pavão bajulador que sempre nos contemplava com boas notas durante a avaliação de nossa atuação durante os estágios, por saber que muitos destes locais indicados por ele eram fracos, ou insuficientes, para treinar aqueles que não tinham conhecimentos ou experiência na área da saúde. Quero deixar bem claro, que existe uma diferença dentro da sala de aula e que talvez não exista em outros cursos. Dentro da sala de aula existem os que já possuem experiência na área da enfermagem por atuarem como auxiliares, técnicos, nutricionistas, fisioterapeutas, etc. E aqueles que nunca colocaram os pés dentro de um hospital. Sim, existe toda uma diferença, e algumas aulas parecem que são apenas para quem já sabe a rotina de um hospital. Numa outra oportunidade falarei sobre isso. Continuando... A terceira pessoa seria a nossa adora Professora de Saúde Mental e Administração, que fez tudo o que pode por nós, que nos ajudou a resolver os principais problemas encontrados. Não estou exagerando, ela foi escolhida para ser homenageada durante a formatura. Durante algumas de nossas reuniões e confraternizações, durante o decorrer do curso ela chegou a dançar no meio dos alunos para nos divertir. Sinceramente acho que ela é hiperativa (risos). Depois do tema, e banca definida, tínhamos que continuar o processo para fazer o TCC. Terminando o sétimo semestre, tivemos as férias de fim de ano, procurei mandar e-mails para minhas duas colegas combinando reuniões e encontros para que não deixássemos nada para a última hora. Esse foi um termo que havíamos combinado antes das férias. Mas não houve o retorno de um e-mail ou telefonema sequer. Comecei a preocupar-me. Ao retornarmos das férias eu estava meio “irritado”, “puto da vida”, etc. Fiquei calado e esperei para ver o que acontecia. Três semanas após o retorno das aulas, a Irene e a Simone chegaram até a mim e sugeriram que nós pagássemos a uma outra colega para fazer o nosso TCC. Esta colega era a Patrícia, ao contrario destas duas, ela era muito inteligente, esforçada, etc. Algumas vezes ganhava grana fazendo dissertações, e elaborações de trabalhos para outros colegas que não tinham tempo ou vontade.Bem, esta foi à punhalada que recebi nas costas. Segurei a respiração, para não perguntar o que elas andaram fazendo durante todas as férias que não quiseram se reunir para começar a p... do trabalho, se a tintura de cabelo havia atingido seus neurônios, ou toda a  cerveja e vinho barato que elas adoravam consumir. Fechei os olhos e procurei me controlar. Pouco a pouco, fui argumentando num tom cínico, mas controlado. Continua...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Livro: Mentes Inquietas - Entendendo Melhor o Mundo das Pessoas Distraídas, Impulsivas e Hiperativas

Autora: Ana Beatriz B. Souza.

Editora: Gente / São Paulo12ª Edição / 222 páginas.

De autoria de Ana Beatriz Barbosa Silva, médica com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ e especialização em Medicina do Comportamento pela Universidade de Chicago, Estados Unidos.Por ser uma obra densa e recheada de exemplos reais, colocarei aqui algumas coisas que me chamaram especial atenção numa visão geral deste livro.Pessoas com sintomas típicos como desatenção, desorganização e atabaolhamento, muitas vezes são vistas como não tendo jeito e muitas vezes levam uma vida soterrada por críticas e culpa. Mente Inquieta (cérebro com funcionamento DDA), não significa um cérebro defeituoso. Seu comportamento peculiar é responsável pelas suas melhores características, bem como suas maiores angústias. O livro aborda vários traços comportamentais de pessoas com mente inquieta. Citarei algumas:- Desvia a atenção por qualquer estímulo;- Dificuldade em prestar atenção na fala de outros;- Desorganização cotidiana;- Dificuldade com atividades obrigatórias de longa duração;- Interromper as tarefas no meio;- Tendência a estar sempre ocupado;- Costume de fazer várias coisas ao mesmo tempo;- Hipersensibilidade;- Instabilidade de humor;- Tendência ao desespero;- Depressões freqüentes entre outros.Para essas pessoas, é um desafio adequar-se ao ritmo não-elétrico dos outros. Um caso real que achei interessante foi de um Contador que sentia-se tolhido numa escada rolante.Para ele, escada rolante significava tortura, de forma que ele a subia normalmente. Uma vez que a escada se move, ele rapidamente chegava ao topo enquanto as pessoas aguardavam calmamente o movimento da escada.São traços que como diz a autora, podem ‘cair mal’ para quem precisa trabalhar em funções burocráticas, rotineiras ou repetitivas ao passo que é positivo para quem exercita a criatividade como compositor ou artista.Achei curiosa a abordagem da afetividade nessas pessoas: emoção em excesso e escassez de razão. São pessoas que amam intensamente no interior de suas mentes, mas não conseguem colocar em prática o que vivem em seus pensamentos. Muitas vezes, seus parceiros sequer imaginam que são objetos de tão nobres sentimentos. Felizmente toda essa emoção tende a transformar-se em poesias, obras literárias ou músicas. Semelhante a um vulcão inativo, a pessoa pode apresentar-se calma e tranqüila externamente, mas por dentro, mantém-se agitado e inquieto.A autora cita o nome de alguns famosos que apresentavam esses traços. Citarei alguns:Fernando Pessoa – Em sua obra há traços de inquietação, contradição, devaneios, dificuldade em seguir regras. (Como no poema “Liberdade”: Ai que prazer/ não cumprir um dever/ ter um livro pra ler/ e não o fazer...) Criou por isso vários ‘eus’, os heterônimos, indicando uma personalidade inquieta e de humor instável.Leonardo da Vinci – Uma mente movida por inquietação. Além de pintor, foi arquiteto, botânico, urbanista, cenógrafo, cozinheiro, inventor, geógrafo, físico e até músico. Deixou uma infinidade de obras inacabadas por começar vários projetos ao mesmo tempo, característica desse tipo de funcionamento mental.Ludwig Van Beethoven – Inquieto, polêmico e incompreendido. Era acometido de devaneios e distrações, segundo seus amigos. Produziu obras geniais sem escutá-las. Elas brotavam de sua mente inquieta, imune à sua surdez.Pessoas com este problema tem vulnerabilidade para desenvolver outros transtornos como TOC, Fobias, Pânico, Depressão, transtornos alimentares e de humor, para citar alguns.A autora dedica um capítulo ao maior desafio: a difícil tarefa de dormir bem e orienta como relaxar um cérebro a mil por hora. Em suma, Mentes Inquietas é um guia para quem apresenta esse funcionamento cerebral que mescla desafios vários com muita criatividade. A autora transmite uma visão otimista sobre o problema e uma variedade de recursos para tratamento. Tirei muito proveito desta leitura e por isso a recomendo.

Sandra Lima Costa Melo
Publicado no Recanto das Letras em 25/02/2008

Trecho do livro: Resolvemos elaborar, com base empírica advinda da experiência clínica, uma tabela com cinqüenta critérios sugeridos para DDA na população adulta. Procuramos, dentro do que foi possível, buscar critérios relacionados com a vida cotidiana, visando facilitar a auto (de si próprio) e/ou hetero (do outro) identificação, bem como seu entendimento prático. Ao ler a lista a seguir, considere a freqüência e a intensidade com as quais as situações ocorrem e pense na possibilidade de caracterizar um funcionamento DDA se, pelo menos, trinta e cinco das opções forem positivas. Cabe destacar, ainda, que a lista foi subdividida em quatro grandes grupos para enfatizar situações decorrentes dos sintomas primários do DDA (desatenção, hiperatividade e impulsividade), bem como situações secundárias, ou seja, aquelas que quase sempre aparecerão como consequência do próprio “desgaste” do cérebro DDA e das dificuldades crônicas enfrentadas por essas pessoas nos diversos setores de suas vidas afetiva/familiar, social e profissional.

1º Grupo: Instabilidade da atenção:

1. Desvia facilmente sua atenção do que está fazendo, quando recebe um pequeno estímulo. Um assobio do vizinho é suficiente para interromper uma leitura.
2. Tem dificuldade em prestar atenção à fala dos outros. Numa conversa com outra pessoa tende a captar apenas “pedaços” soltos do assunto.
3. Desorganização cotidiana. Tende a perder objetos (chaves, celular, canetas, papéis), atrasar-se ou faltar a compromissos, esquecer o dia de pagamento das contas (luz, gás, telefone, seguro).
4. Freqüentemente apresenta “brancos” durante uma conversa. A pessoa está explicando um assunto e no meio da fala esquece o que ia dizer.
5. Tendência a interromper a fala do outro. No meio de uma conversa lembra de algo e fala sem esperar o outro completar seu raciocínio.
6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita. Esquece uma palavra no meio de uma frase ou pronuncia errado palavras longas como “cineangiocoronariografia”.
7. Presença de hiperfoco (concentração intensa em um único assunto num determinado período). Um DDA pode ficar horas a fio no computador sem se dar conta do que acontece ao seu redor.
8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração. Participar como ouvinte de uma palestra em que o tema não seja motivo de grande interesse e não o faça entrar em hiperfoco.
9. Interrompe tarefas no meio. Um DDA freqüentemente não lê um artigo de revista até o fim, ou ouve um CD inteiro.

2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental:

10. Dificuldade em permanecer sentado por muito tempo. Durante uma palestra ou sessão de cinema costuma mexer-se o tempo todo na tentativa de permanecer em seu lugar.
11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos. São os indivíduos que têm os pés “nervosos”, girando suas cadeiras de trabalho, ou que estão sempre com suas mãos ocupadas, pegando objetos, desenhando em papéis ou ainda ajeitando suas roupas ou seus cabelos.
12. Constante sensação de inquietação ou ansiedade. Um DDA sempre tem a sensação de que tem algo a fazer ou pensar, de que alguma coisa está faltando.
13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em relação a si ou com os outros. São as pessoas que ficam “remoendo” sobre suas falhas cometidas, ou ainda sobre os problemas de amigos ou conhecidos.
14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo. É a pessoa que lê e vê TV ou ouve música simultaneamente.
15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo. Um exemplo é a pessoa que tem várias idéias simultaneamente e acaba por não levar a cabo nenhuma delas em função desta dispersão.
16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos fortes, como dirigir em alta velocidade.
17. Freqüentemente fala sem parar, monopolizando as conversas em grupo. É a pessoa que fala sem se dar conta de que as outras estão tentando emitir suas opiniões (além de não se dar conta do impacto que o conteúdo do seu discurso pode estar causando a outras pessoas).

3º Grupo: Impulsividade:

18. Baixa tolerância à frustração. Quando quer algo não consegue esperar, se lança impulsivamente numa tarefa, mas, como tudo na vida requer tempo, tende a se frustrar e desanimar facilmente.
19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta. Não consegue conter o impulso de responder ao primeiro estímulo criado pelo início de uma pergunta.
20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à mente sem filtrar o que vai ser dito. Durante uma discussão, um DDA pode deixar escapar ofensas impulsivas.
21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo. Filas, telefonemas, atendimento em lojas ou restaurantes podem ser uma tortura.
22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar etc. É aquela pessoa que rompe um relacionamento várias vezes e volta logo depois, arrependida.
23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição. É o tipo
de pessoa que explode de raiva ao sentir-se rejeitada.
24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas. Um exemplo seria o trabalhador que teima em não usar equipamentos de segurança, apesar de saber da importância destes.
25. Compulsividade. Na realidade a compulsão ocorre pela repetição constante dos impulsos, os quais, com o tempo, passam a fazer parte da vida dessas pessoas, como as compulsões por compras, jogos, alimentação etc.
26. Sexualidade instável. Tende a apresentar períodos de grande impulsividade sexual alternados com fases de baixo desejo.
27. Ações contraditórias. Um DDA é capaz de ter uma explosão de raiva por causa de um pequeno detalhe (por mexerem em sua mesa de trabalho, por exemplo) numa hora e, poucos momentos mais tarde, ser capaz de uma grande demonstração de afeto, através de um belo cartão, flores ou um carinho explícito. Ou ainda ser um homem arrojado e moderno no trabalho e, ao mesmo tempo, tradicional e conservador no âmbito familiar e afetivo.
28. Hipersensibilidade. O DDA costuma melindrar-se facilmente. Uma simples observação desfavorável sobre a cor de seus sapatos é suficiente para deixá-lo internamente arrasado, sentindo-se inadequado.
29. Hiper-reatividade. Essa é uma característica que faz com que o DDA se contagie facilmente com os sentimentos dos outros. Pode ficar profundamente triste ao ver alguém chorar, mesmo sem saber o motivo, ao mesmo tempo que pode ficar muito agitado ou irritado em ambientes barulhentos ou em presença de multidão.
30. Tendência a culpar os outros. Um DDA muitas vezes poderá culpar outra pessoa por seus fracassos e erros, como o aluno que culpa o colega de turma por ter errado em uma questão da prova, já que este colega estava cantarolando baixinho na hora.
31. Mudanças bruscas e repentinas de humor (instabilidade de humor). O DDA costuma mudar de humor rapidamente, várias vezes no mesmo dia, dependendo dos acontecimentos externos ou ainda do seu estado cerebral, uma vez que o cérebro do DDA pode entrar em exaustão, prejudicando a modulação do seu estado de humor.
32. Tendência a ser muito criativo e intuitivo. O impulso criativo do DDA é talvez a maior de suas virtudes. Pode se manifestar nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
33. Tendência ao “desespero”. Quando um DDA se vê diante de uma dificuldade, seja ela de qualquer ordem, ele tende a vê-la como algo impossível de ser transposto e com isso sente-se tomado por uma grande sensação de incapacidade. Sua primeira reação é o “desespero”. Só mais tarde consegue raciocinar e constatar o verdadeiro “peso” que o problema tem. Isso ocorre porque seu cérebro apresenta dificuldade em acionar uma parte da memória chamada funcional, cujo objetivo é trazer à mente situações vividas no passado e utilizá-las como instrumentos capazes de ajudar a encontrar saídas para as mais diversas problemáticas.

4º Grupo: Sintomas secundários:

34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para a sua real capacidade.
35. Baixa auto-estima. Em geral o DDA sofre desde muito cedo uma grande carga de repreensões e críticas negativas. Sem compreender o porquê disso, ele tende, com o passar do tempo, a ver-se de maneira depreciativa e passa a ter como referência pessoas externas e não ele próprio.
36. Dependência química. Pode ocorrer como conseqüência do uso abusivo e impulsivo de drogas durante vários anos.
37. Depressões freqüentes. Ocorrem em geral por uma exaustão cerebral associada às frustrações provenientes de relacionamentos malsucedidos e fracassos profissionais e sociais.
38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos, conforme será visto na parte referente à dificuldade afetiva dos DDAs.
39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho. Tais fatos ocorrem pela combinação nada produtiva de desorganização aliada a uma grande insegurança pessoal.
40. Baixa tolerância ao estresse. Toda situação de estresse leva a um desgaste intenso da atividade cerebral. No caso de um cérebro DDA esse desgaste apresentar-se-á de maneira mais marcante.
41. Tendência a apresentar um lado “criança” que aparecerá, por toda a vida, na forma de brincadeiras, humor refinado, caprichos pensamentos mágicos e intensa capacidade de fantasiar fatos e histórias.
42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos. Isso ocorre em função da dificuldade do DDA de concentrarse nos atos e de controlar ou coordenar a intensidade de seus movimentos.
43. Tendência a apresentar uma caligrafia de difícil entendimento.
44. Tensão pré-menstrual muito marcada. Ao que tudo indica, em função das alterações hormonais durante esse período, que intensificam os sintomas do DDA. A retenção de líquido que ocorre durante os dias que antecedem a menstruação parece ser um dos fatores mais importantes.
45. Dificuldades em orientação espacial. Encontrar o carro no estacionamento do shopping quase sempre é um desafio para um DDA.
46. Avaliação temporal prejudicada. Esperar por um DDA pode ser algo muito desagradável, pois em geral sua noção de tempo nunca corresponde ao tempo real.
47. Tendência à inversão dos horários de dormir. Em geral adormece e desperta tardiamente, por isso alguns deles acabam viciando-se em algum tipo de hipnótico.
48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos.
49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional, simultânea ou não.

E, finalmente, o último critério, que não se enquadra em nenhum dos quatro grupos de sintomas, mas tem sua relevância confirmada pelos estudos que apontam participação genética marcante na gênese do DDA:

50. História familiar positiva para DDA.