quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Dia 24

Provas de final de semestre, apresentações, pré-projeto de monografia, e finalmente estou de férias. Consegui passar por estes obstáculos sem nenhuma baixa. Infelizmente não posso dizer o mesmo da minha entrevista de emprego. Muita ansiedade, medo, pensamentos negativos, e a sensação de não poder fracassar. Os processos seletivos parecem um jogo de vídeo game, na última fase você sempre enfrenta o pior adversário. Depois de muitas torturas psicológicas, consegui chegar até o “mestre”. Fui recebido pelo gerente do hospital numa entrevista cara a cara, mas que não rendeu frutos. Provavelmente a loira bonita e gostosa que também esperava para ser entrevistada conseguiu a vaga. Todos os dias penso na minha vida, nos meus problemas, e em tudo o que acontece ao meu redor. Sei que o caminho é continuar tentando, mesmo que algumas vezes eu acorde com vontade de fugir para outra dimensão. Um lugar que não exista medicamentos, melancolia, pensamentos negativos, ansiedade, medo, raiva, e tantos obstáculos para enfrentar. Sei que a vida é mais dura para quem não consegue, ou tem dificuldades, em vê-la pelo lado positivo. Talvez eu deveria ser como meu vizinho. Ele tem uma mulher feia, ganha mal, ouve funk todos os finais de semana, mas parece ser tão feliz. Pelo menos está rindo o tempo todo. Continuo engolindo meus comprimidos, indo na psicoterapia, e tentando... Vou tatuar alguma frase de efeito no meu braço, olharei para ela todas as vezes que eu pensar em me trancar num quarto escuro. Se as minhas três crises depressivas, e os meus dez anos de diagnóstico de transtorno de humor me deram alguma "sabedoria” sobre a forma como meus pensamentos influenciam a minha vida, eu só não consigo responder a uma pergunta: O que me dá prazer? Todos precisam de algo que os façam rir de vez em quando, que sirva de compensação, o “ouro dos tolos”. Meu orkut está repleto de pessoas que registraram presença em diferentes épocas de minha vida. Quando eu dava aulas em academias, no meu último trabalho como enfermeiro, colegas da escola primária, da faculdade, amigos de infância, etc. Muitos rostos, poucas palavras. Todos ficaram para trás. Parece que as companhias só estão ao seu redor quando o copo está cheio, e o riso se faz presente.

“Ria e o mundo rirá com você. Chore e você chorará sozinho”.
Shakespeare

Eu precisava registrar algo no meu blog, depois de tanto tempo sem escrever. Hoje não deixarei mensagens de otimismo, dicas de como conviver com a doença, técnicas de psicoterapia, novidades com medicamentos, etc. Algumas vezes eu faço isso, mas não será hoje. Ao menos aqui eu posso ser eu mesmo. Sem máscaras, ou atuações. Não estou bem. Não importa se a árvore de Natal seja alegre e toda colorida, ou se há um presépio armado na estante da sala mostrando o nascimento de Jesus. Nada disso fará diferença se eu não encontrar a resposta que eu procuro. E se ela não existir, terei que pensar em algo.A vida é muito breve.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Monologo de Segismundo



Ai miserável de mim e infeliz!
Apurar, ó céus, pretendo,
já que me tratais assim,
que delito cometi
contra vós outros, nascendo;
que, se nasci, já entendo
qual delito hei cometido:
bastante causa há servido
vossa justiça e rigor,
pois que o delito maior
do homem é ter nascido.

E só quisera saber,
para apurar males meus
deixando de parte, ó céus,
o delito de nascer,
em que vos pude ofender
por me castigardes mais?
Não nasceram os demais?
Pois se eles também nasceram,
que privilégios tiveram
como eu não gozei jamais?

Nasce a ave, e com as graças
que lhe dão beleza suma,
apenas é flor de pluma,
ou ramalhete com asas,
quando as etéreas plagas
corta com velocidade,
negando-se à piedade
do ninho que deixa em calma:
só eu, que tenho mais alma,
tenho menos liberdade?

Nasce a fera, e com a pele
que desenham manchas belas,
apenas signo é de estrelas
graças ao douto pincel,
quando atrevida e cruel,
a humana necessidade
lhe ensina a ter crueldade,
monstro de seu labirinto:
só eu, com melhor instinto,
tenho menos liberdade?

Nasce o peixe, e não respira,
aborto de ovas e lamas,
e apenas baixel de escamas
por sobre as ondas se mira,
quando a toda a parte gira,
num medir da imensidade
co'a tanta capacidade
que lhe dá o centro frio:
só eu, com mais alvedrio,
tenho menos liberdade?

Nasce o arroio, uma cobra
que entre as flores se desata,
e apenas, serpe de prata,
por entre as flores se desdobra,
já, cantor, celebra a obrada natura em piedade
que lhe dá a majestade
do campo aberto à descida:
só eu que tenho mais vida,
tenho menos liberdade?

Em chegando a esta paixão
um vulcão, um Etna feito,
quisera arrancar do peito
pedaços do coração.
Que lei, justiça, ou razão,
nega aos homens - ó céu grave!
privilégio tão suave,
exceção tão principal,
que Deus a deu a um cristal,
ao peixe, à fera, e a uma ave?"

MONÓLOGO DE SEGISMUNDO
(LA VIDA ES SUEÑO, Ato I, Cena I) de Pedro Calderón de la Barca

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sexta-Feira

19:30h Sexta-Feira – Depois de 20 horas sentado numa das poltronas do salão de eventos de um hospital escola, finalmente chega ao fim o curso de dois dias sobre dependência química. Durante este período ouvi tudo o que meus ouvidos agüentaram sobre redução de danos, centros de assistência psicossocial, legislação sobre drogas, políticas publicas, etc. Agora estou pronto para mudar o mundo, só me falta um emprego. Este detalhe me incomoda muito, e cada vez mais não deixo de atribuir a ele parte do meu mau humor de fim de ano. Apesar do cansaço pela maratona, estou distante de casa, e preciso esperar um pouco mais antes de ir embora, o metro está completamente lotado neste horário transportando milhares de pessoas que retornam ao lar após um dia de trabalho. São mais de vinte estações até a minha casa, mais de uma hora de viagem caso o percurso fosse feito de ônibus. Sem uma idéia melhor, resolvo caminhar um pouco pelas proximidades do hospital através da avenida paulista e rua augusta seguindo até o centro da cidade. Vou matando o tempo, e observando a paisagem e a “fauna” urbana. Não recebi nenhuma intimação via celular até o momento, não tenho namorada ou esposa me esperando em casa. Nenhum plano mirabolante para o final de semana, na verdade pensar sobre a vida me faz mal. Preciso olhar a paisagem, tirar as obsessões da cabeça. Se a paulista se destaca pelos imponentes edifícios e agencias bancárias com as decorações natalinas típicas desta época do ano, pela rua augusta o contraste fica a cargo dos cafés, restaurantes, bares, danceterias, boates e “inferninhos” exibindo cartazes de mulheres seminuas ao longo da rua. Aos poucos, em plena sexta-feira, as calçadas são tomadas por mesas e cadeiras em frente aos bares que ficarão lotadas de freqüentadores em busca de bebida e diversão, nas esquinas e travessas são as prostitutas com roupas ousadas que se destacam. São elas que contribuem para tornar a rua famosa, e sinceramente eu não acredito que consigam retira-las mesmo com a reforma cultural e a revitalização que estão propondo. Paro num café para beber algo, e vejo uma garota surpreendendo um rapaz com um beijo. Por alguns minutos fico com inveja, tento me lembrar da última vez que isso me aconteceu, e acabo lembrando de coisas que deveria ter deixado para trás Estou muito sensível nestes dias. Culpa do final de ano, da troca do meu medicamento, do desprezo que sofro por parte da minha filha, dos amigos que aos poucos se foram, da falta de emprego, e da minha terapeuta que acredita que eu deva ingressar no funcionalismo público, pois sendo um paciente psiquiátrico existe a possibilidade das crises tornarem minha permanência num emprego comum impossível. Minha família que deseja que eu estampe um sorriso na cara, e passe o final de ano socado num apartamento alugado na praia com outras dez pessoas fingindo ser feliz. Penso nos esforços sem resultados, na pós que me decepciona e suga a grana que peguei emprestado, nas entrevistas sem retorno, nas minhas estratégias falhas. Tenho vontade de raspar a cabeça, cortas os pulsos, beber, fumar, ou fazer algo que alivie meus sentimentos. Respiro fundo e tento manter a imagem, lembro do mantra “cada um com seus problemas” que aprendemos desde cedo na vida. Na rua augusta pessoas animadas e coloridas chegam para a diversão, outras sérias ainda retornam para casa, ou permanecem impacientes no ponto de ônibus. Parece que todos têm uma missão nesta vida. Termino minha bebida de gosto amargo e sigo o meu caminho. Mais dez minutos e estarei no metro República, depois são doze estações até minha casa. Sorria e finja que está tudo bem. Todos esperam isso de você, e a vida segue. Até o dia em que você liga a tv e se depara com um noticiário anunciando que alguém entrou atirando numa repartição pública, e depois acabou com a própria vida, ou que um garoto tornou reféns alguns colegas do seu colégio com uma arma em punho. Pronto! A bomba relógio explodiu. O monstro que crescia silenciosamente vazou pelos poros. O cidadão exemplar mostrou sua verdadeira face. Quantos monstros existem por ai?  Por quanto tempo você amontoa seus sentimentos ruins em algum canto da mente? Por quanto tempo você consegue apenas sorrir e fingir que está tudo bem?

Agora eu sei

Zero – Kiko Zambianchi

Há muito tempo eu ouvi dizer,
Que um homem vinha pra nos mostrar
Que todo mundo é bom e que ninguém é tão ruim
O tempo voa e agora eu sei
Que só quiseram me enganar
Tem gente boa que me fez sofrer,
Tem gente boa que me faz chorar

Agora eu sei, e posso te contar,
Não acredite se ouvir também, que alguém te ama,
E sem você não consegue viver
Quem vive mente mesmo sem querer
E fere o outro, não pelo prazer,
Mas pela evidente razão, sobreviver,

Não é possível mais ignorar,
Que quem me ama me faz mal demais
Mas ainda é cedo pra saber,
Se isto é ruim ou é muito bom

O tempo voa e agora eu sei
Que só quiseram me enganar
Tem gente boa que me fez sofrer,
Tem gente boa que me faz chorar

Quem vê seu rosto só pensa no bem,
Que você pode fazer a quem
Tiver a chance de te possuir

Mal sabe ele como é triste ter
Amor demais, sem nada receber,
Que possa compensar, o que isto traz de dor

Tudo isto me traz de dor
O que isto traz de dor
Tudo isto me traz de dor
O que isto traz de dor

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sem despedidas

Neste mês registro quatro anos da perda um primo, que também era portador de transtorno afetivo bipolar. Num processo doloroso e cheio de erros, e enganos, por parte daqueles que deveriam protege-lo, e conduzi-lo a um tratamento efetivo. Por um fim a própria vida, foi à única forma encontrada por ele para deixar de sofrer. Nesta ida sem despedidas, permaneceu a saudade, a tristeza, a culpa gerada pela ignorância, e algumas perguntas sem respostas. No seu quarto restam os livros que inspiravam alguns de seus pensamentos e dizeres, um porta retrato guardando uma foto com seu sorriso, e a lembrança de sua imagem, num dos locais em que ele permaneceu por mais tempo nos últimos dias. Que seu ato de desespero não seja julgado por aqueles que nunca enfrentaram tal dor. Que esteja finalmente em paz, onde quer que sua alma descanse.

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz


Charles Chaplin


Suicídio (do latim sui caedere), termo criado por Desfontaines, matar-se, é um ato que consiste em pôr fim intencionalmente à própria vida. No Brasil, 4,9 pessoas a cada 100 mil morrem por suicídio. Os maiores índices são do Rio Grande do Sul (11 para cada 100 mil), sendo Porto Alegre a capital com maior taxa de suicídios (11,9 para cada 100 mil).  Fonte estatística: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/suicidio/suicidio.php





sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Morre lentamente

Sigo batalhando em busca dos meus objetivos. A passos largos, indecisos, ou mesmo vacilantes. A vida não espera por ninguém, ela simplesmente segue o seu curso. Penso no mundo ao meu redor, nos erros do passado, nos acontecimentos do presente. Preocupo-me demasiadamente. Se ao menos estas meditações me levassem as soluções que tanto preciso. Mas não levam... Poucas coisas me tiram deste estado de vigília. Isso me faz sofrer, me culpar, buscar evidencias das minhas falhas. Mas nem sempre foi assim, houve um tempo em que eu não castigava tanto o meu ego. Um tempo em que eu dava aulas em academias, saia com meus colegas, bebia, ouvia problemas dos outros. Tinha uma vida social mais diversificada e isso me ajudava a quebrar este ciclo. Mas com o passar do tempo, num processo que envolveu a perda do meu emprego, distorções criadas pelas minhas instabilidades de humor, e o envolvimento com pessoas que não desejavam estar ao meu lado nos maus momentos, fui aos poucos me isolando. Deixando de acreditar no ser humano. E como diz um poeta...

“Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos...”

Pablo Neruda


Sou responsável pela minha vida, minha felicidade, pelo mundo que crio ao meu redor, e pelas pessoas que permito se aproximarem de mim. Se por um lado tenho uma pedra no meu sapato com minha bipolaridade com tantos pensamentos e ciclos que me arremessam para cima e para baixo, do outro eu também tenho a terapia, medicamentos, e a família pacientemente ao meu lado. Não vou esperar que alguém me faça feliz apenas por eu desejar isso. O ser humano é falho e nada mudará esta realidade. Preciso pensar assim, quebrar este ciclo. Usar as técnicas que aprendi na terapia, minha própria experiência de vida, minha fé. Preciso emergir, voltar a superfície e continuar lutando...

sábado, 21 de novembro de 2009

Rotina



Sem novidades, sigo brigando com o meu sono, meu desanimo e minha falta de energia. Por alguns dias sinto dificuldades para dormir, em outros tenho vontade de ficar o tempo todo na cama. Falta energia, motivação e ânimo. Tenho a sensação de pesar uma tonelada e estar constantemente de ressaca. Tudo isso está me afetando, preciso realmente conversar com meu psiquiatra. Como falta grana, vou adiando a consulta. Enquanto tem medicamento guardado sigo esperando para vê-lo apenas quando meus estoques de medicamentos estiverem próximos de acabar. Não é o correto a fazer, mas somando as consultas terapêuticas, as psiquiátricas, e os medicamento a conta fica alta no final do mês. Confesso que eu poderia ser atendido pelo convênio, como fiz algumas vezes. No entanto, procuro evitar tais circunstâncias. Quando recorri a tal solução, eu me senti como se fosse um espécime portador de algum vírus maligno, ou como se estivesse com alguma prostituta tentando me satisfazer o mais rápida possível para se livrar logo de mim. Não tenho culpa que o meu convênio paga pouco pelas consultas. Do meu ponto de vista quero o tempo necessário para ser ouvido, resolver o meu problema, e ter a certeza de seguir pelo melhor caminho. Consultas de cinco minutos são uma ofensa para quem realmente precisa. Também não posso condenar toda a classe médica por causa de alguns maus elementos, mas deixo meu protesto registrado. Por algum tempo eu recorri ao psiquiatra do sistema único de saúde. Psiquiatra e remédio de graça, deveriam ser uma combinação perfeita. Deveria, pois as consultas tinham grandes intervalos entre elas, da última vez, fiquei quatro meses sem ver a cara do médico aguardando o retorno. No meio deste período acabei passando por uma crise depressiva, o que me levou a questionar junto ao médico a eficácia do tratamento. Em meias palavras ele tentou empurrar mais uma vez o mesmo medicamento, um estabilizante de humor que eu já fazia uso muito antes de ser o seu paciente. O problema de trocar constantemente de psiquiatra é este. Ele não acompanha toda a sua história, a evolução do transtorno, e suas lutas pessoais. Do meu ponto de vista isso pode ser muito complicado. Infelizmente a minha queixa não foi bem recebida. Talvez para ele aquele medicamento fosse o mais indicado para um transtorno bipolar de humor, mas não era para o meu caso. Ficamos neste impasse, e sendo assim, acabamos por não chegar num acordo. Preferi deixar marcado uma consulta de retorno, na esperança de convence-lo sobre uma possível mudança na próxima vez. Nesta última crise em questão, eu fui atendido por um médico particular, o mesmo que é responsável atualmente pelas minhas consultas. Não tenho queixas quanto a este, na verdade até me surpreendeu muito. Se eu pudesse permaneceria com ele sem problema algum. Vamos ver o que acontece. Atualmente estou sem trabalho, e tenho outras prioridades além do meu tratamento. Apenas 13% dos brasileiros fazem faculdade, numa porcentagem ainda menor estão aqueles que possuem pós-graduação. Brevemente farei parte deste time, e isso deveria ser uma ferramenta para agilizar a minha procura por emprego. Uma pós turbinando meu currículo. Infelizmente não é isso o que acontece, e já ouvi umas duas ou três professoras dizendo que o nosso curso não é valorizado no mercado. Pós-graduação em saúde mental e psiquiatria, para alunos formados em enfermagem. Racionalmente falando é uma profissão um tanto difícil e complexa. Cuidar de uma classe de pacientes que vão desde deficientes cognitivos, passando por portadores de diversos transtornos como esquizofrenia, anti-social, boderlaine, bipolares, Mal de Parkson (entre tantos outros) e terminando na crescente população de dependentes químicos dos centros urbanos. Ironicamente não faltam pacientes. O que falta são centros de tratamento e recursos para tal área. O estado não cumpre o seu papel em dar ao cidadão o que é constituído por lei. E no caso dos hospitais privados, são as cirurgias, exames complexos, centros coronarianos entre outras especialidades que realmente rendem lucro. A enfermagem psiquiátrica é uma profissão para o futuro. Alguém poderia perguntar qual foi o motivo de ter sido esta a minha escolha? Psiquiatria é algo totalmente diferenciado das outras especialidades. È necessário conhecer o ser humano a fundo, a sua história, e não apenas o da doença. Não existem três pacientes com o mesmo transtorno e que hajam de mesma forma. Tudo pode evoluir de uma forma inesperada mesmo seguindo o tratamento padrão. Não existem exames que identifiquem as patologias. Além de tudo isso, eu sou um portador de transtorno psiquiátrico. É algo que ajuda o meu autoconhecimento, no diferenciamento da forma como eu trato meus pacientes. Sei o que é dor psíquica, depressão, efeito colateral de medicamentos, mania, euforia, hipomania, preconceito, etc. Na verdade existem muitos profissionais da área da saúde que são portadores, mas escondem, devido ao preconceito. Isso também é um tema bem tortuoso. Mas voltando a temática da falta de estrutura. Haverá um momento em que o estado não poderá mais ignorar a crescente multidão de pessoas acometidas pelas mais diversas patologias psiquiátricas, e muito menos fingir não enxergar o batalhão de dependentes químicos expostos pelas câmeras da TV e apontados pela própria sociedade. Só espero que isso não demore muito, e que algo não seja feito apenas pensando nos prejuízos que tais cidadãos trazem para os cofres do país. 

Para saber um pouco mais sobre a questão, procure por “CAPS” e “Reforma Psiquiátrica”.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A Mentira ( FRIEDRICH NIETZSCHE )

"Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer directamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência."




segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Diferente...

Qualquer um que for nomeado “meu amigo”, provavelmente merecerá uma estátua de bronze na praça principal. O sujeito terá que suportar ao seu lado alguém temperamental, excêntrico, irritadiço, irônico, sarcástico, e com algumas restrições de conduta. Das “qualidades” que citei, são na maioria atribuídas pela soma da minha própria personalidade com a bipolaridade. Como eu poderia ter certeza de onde acaba uma coisa, e começa outra? Não consigo fazer esta separação, não me lembro mais como eu era antes de ser diagnosticado com transtorno de humor. Talvez eu fosse mais calmo, mais tranqüilo e menos depressivo. Não tenho certeza, mas eu não era assim. Das restrições que evidenciei, faz parte da lista a impossibilidade de beber livremente, dormir no horário que desejar e exagerar na comida. Todas elas devido aos medicamentos que faço uso, e a rotina que procuro seguir para atenuar a possibilidade do surgimento de um quadro de mania. Pelos “detalhes” citados, eu já perderia uma legião de colegas e amigos de balada. Quem permaneceria ao lado de alguém assim? Sigo minhas observações, com a lista de preferências pessoais, rotinas, gostos musicais, etc. Nasci no país do futebol, mas não sofro na frente da TV pelo time do coração, ou pela seleção brasileira. A não ser que seja numa final de copa do mundo, neste caso eu me submeto a euforia geral. Sinceramente desconfio que não exista “vida inteligente” regendo todos aqueles programas de “mesa redonda” que preenchem a programação televisiva em certos horários. Outro detalhe, qual seria o motivo de chamar um programa de “Esporte Total”, se noventa porcento de sua programação é dedicada ao futebol? Não se fala de boxe, taekwondo, handebol, tênis de mesa, judô, esporte radicais, etc. Não seria melhor nomeá-lo de “Futebol Total?” Não dá, prefiro assistir documentários, noticiários, ou até programas de culinária. Brinco com alguns colegas dizendo que o único time que vale a pena assistir durante horas, são as meninas do vôlei. Carismáticas, bonitas e muito “saudáveis”.  Devo ser realmente um cara muito chato, por não gostar do esporte nacional e que muitas vezes acende acaloradas discussões em rodas de “machos”. Se futebol lembra comemoração, também lembra bebida, que por sua vez lembra cerveja. Prefiro vinho, licores, bebidas que não sejam tão pesadas. Não gosto de axé, pagode ou funk. E com este tipo de escolha, deixo de lado oitenta porcento dos bares e danceterias da região onde moro. Também não sigo o estilo de colocar um chapéu de cowboy, colar um adesivo de alguma comitiva na traseira do carro, e seguir para algum rodeio ver peões toscos vestidos ao estilo Marlboro torturando animais. Gosto de praias, viagens, e longos passeios, mas prefiro faze-los fora da alta temporada. De comer na companhia de amigos, de receber telefonemas ou mensagens. Aprecio uma boa conversa com pessoas engraçadas, ou inteligentes e que possam me ensinar algo. No final das contas não sou um alienígena, não sou tão difícil de agradar. Um pouco diferente talvez. No entanto, parece que as pessoas estão cada vez mais iguais entre si. Poucas tentam ser autenticas. Há muitas pessoas fazendo sempre as mesmas coisas, pensando da mesma forma, ou vivendo do mesmo jeito. Não sei se é culpa da novela das oito, do Jornal Nacional, ou de alguma conspiração secreta (risos). Vejo isso entre meus colegas de convívio, na faculdade, no metro, no ônibus, na minha família. Não entrarei numa discussão sociológica ou antropológica sobre isso, não desejo seguir por esta linha. Diante disto os “originais” acabam sendo rotulados como chatos, excêntricos, politizados, demagogos, arrogantes. Conseqüentemente afastando algumas pessoas ao seu redor. Talvez faça parte do processo de tentar viver a vida de uma forma diferente. Não de forma assustadoramente diferente, mas nas pequenas e sensíveis coisas. Não tenho certeza se as minhas palavras foram compreendidas, se consegui dar o meu recado. Quem sabe? Quando não vale a pena lutar por aquilo que acreditamos? Quem quer ser o meu amigo?

“Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina”.


Nelson Rodrigues

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como ser um torto citando poetas, letrados, dramaturgos, filósofos, etc..


Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais.
Nelson Rodrigues

Deus me defende dos amigos, que dos inimigos me defendo eu.
Voltaire

Eu bebo para fazer as outras pessoas interessantes.
Groucho Marx

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.
Friedrich Nietzsche

O que mexe com a libido das mulheres não é a beleza física é a inteligência. Tanto que revista de homem nu só vende para gays.
Pedro Bial

Amo as mulheres, mas não as admiro...
Charles Chaplin

Os homens não sabem dar valor às suas próprias mulheres. Isso deixam para outros.
Oscar Wilde

Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador.
Luís Fernando Veríssimo

[Sobre o sucesso que faz com as mulheres]
Você já viu mulher gostar de alguma coisa que presta?
Leonardo Pareja

"Homens são bons amantes. Principalmente quando estão traindo suas esposas."
Marylin monroe

O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.
Sócrates

A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte.
Oscar Wilde

"O que obviamente não presta sempre me interessou muito."
Clarisse Lispector

"Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?"
Charles Bukowski

A bigamia consiste em ter uma mulher a mais. A monogamia é a mesma coisa.
Oscar Wilde

Bagaceira e bunda, so presta grande.
Branchu

Comecei uma dieta, cortei a bebida e comidas pesadas e, em catorze dias, perdi duas semanas.
Joe E. Lewis

Minha mulher fugiu com meu melhor amigo. Sinto falta dele.
Henry Yougman

Casamento. Uma comunidade que consiste de um homem, uma mulher e uma amante, num total de duas pessoas.
Ambrose Bierce

É pela ironia que começa a liberdade.
Victor Hugo


sábado, 7 de novembro de 2009

Amigos

Contrariando a muitos, vou dizer que a felicidade mora numa garrafa de bebida, num disco velho de rock, e na conversa com um amigo que lhe faz companhia quando você tanto precisa. Coisas simples, e que deveriam ser acessíveis sempre, mas que infelizmente estão se tornando raras em minha vida. Não peço que o diabo me leve ao teto de um templo e me prometa o mundo. Não preciso do carro do ano, de muito dinheiro no bolso, ou comer a garota mais bonita que aparecer na minha frente. Preciso apenas de alguns momentos que justifiquem a minha existência, que façam a vida valer a pena, sorrir mais do que chorar, sentir-se realizado com o que faz. Mas o que devo fazer quando isso não acontece? Hoje tive que mover montanhas para sair de casa e encontrar um amigo do qual eu havia prometido encontrar para treinar. Corpo cansado, sonolência, mais uma vez aquela vontade de permanecer deitado em algum canto esperando o tempo passar. Nestes momentos todos os argumentos parecem lutar inutilmente contra o corpo. Mais um dia torcendo para que algo aconteça e mude tudo. Mas eu não posso permanecer assim, sei que preciso lutar de alguma forma. Respirei fundo e lembrei que eu não decepcionaria apenas meu amigo, mas também o cara que estava me ensinando tanta coisa em troca apenas do meu respeito, da minha gratidão e fidelidade. Poucas pessoas compreendem esta relação. Joguei meu kimono dentro da mochila e segui a pé até a estação de trem. Passos lentos, sol quente, a mesma paisagem desde a minha infância. Nada parecia mudar de verdade, exceto pelas novas pichações nos muros, e as praças cada vez mais sujas e abandonadas, a decadência trazida pela falta de educação e cidadania de algumas pessoas. Após percorrer duas estações de trem, e quinze minutos de caminhada, eu chegava finalmente ao meu destino. Toquei a campainha e fui atendido pelo mestre, tentei disfarçar inutilmente a minha fisionomia de poucos amigos, conversamos brevemente e segui até o salão de sua casa, para varrer o chão e arrumar os tatames.  Meu amigo chegou logo depois, e nós três finalmente nos reunimos para treinar. Foram mais de duas horas de chutes, quedas, torções e imobilizações. No final de tudo, eu havia ganhado duas escoriações acima do ombro e um hematoma na canela. Mas apesar de tudo eu não estava mais triste. De alguma forma meu anjo da guarda havia feito sua lição de casa. Eu não gozava de plena felicidade, mas de alguma forma eu sentia um alivio em minha alma. Alguns demônios haviam ido embora dos meus pensamentos. Como eu poderia dar atenção a eles nas horas que permaneci no tatame?  A preocupação em aprender era bem maior, não havia espaço para mais nada. Acabado o treino, troquei o velho kimono suado pela roupa que estava toda amarrotada no fundo da mochila, e rumei na companhia de meu amigo até a estação de trem. Paramos no caminho para beber algo, éramos dedicados, mas de forma alguma éramos santos. Não desejávamos nos embebedar, mas apenas conversarmos como dois velhos conhecidos. Desta vez foi o momento da bebida, do rock antigo no rádio do bar, de ouvir, e ser ouvido. Senti-me vivo em perceber o quanto ele confiava em mim comentando sobre seus problemas pessoais. Das brigas com alguns familiares, da falta de grana, do trabalho que tomava a maior parte do seu tempo, etc. Os velhos problemas de sempre. Após ouvi-lo, falei dos meus medos. Da crise depressiva que sempre ronda ao meu redor, da dificuldade em se adaptar com alguns medicamentos, da falta de grana, de trabalho, etc. As velhas batalhas e os velhos rumos. A tarde acabou bem. Agradeço a Deus por estar renovado, pelo anjo torto que me segue. Com certeza eu não me daria bem com um que fosse perfeito.

O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.
Khalil Gibran
 
Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz.
Machado de Assis

O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado.
Vinícius de Moraes





Sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo

Nos textos "Misticismo" e "Idade das Trevas", eu relatei um caso familiar de TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, sem dar maiores explicações sobre o tema. Da mesma forma que existem pessoas que necessitam conhecer um pouco mais sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, o mesmo aconteceria com o TOC. Vou deixar um texto sobre o tema para que diminuam as dúvidas. Pesquisei num site popular onde a linguagem parece acessível a todos.

O chamado Transtorno Obsessivo-Compulsivo ("TOC") (na literatura em inglês Obsessive-Compulsive Disorder – "OCD") é uma doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, ou seja, sofre de idéias e/ou comportamentos que podem parecer absurdas ou ridículas para a própria pessoa e para os outros e mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes. A pessoa é dominada por pensamentos desagradáveis que podem possuir conteúdo sexual, trágico, entre outros que são difíceis de afastar de sua mente, parecem sem sentido e são aliviados temporariamente por determinados comportamentos. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais freqüente na população. De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o Transtorno Obsessivo-Compulsivo estará entre as dez causas mais importantes de comprometimento por doença.  Além da interferência nas atividades, os Sintomas Obsessivo- Compulsivos (SOC) causam incômodo e angústia aos pacientes e seus familiares. Apesar de ter sido descrito há mais de um século, e dos vários estudos publicados até o momento, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo ainda é considerado um "enigma". Questões como a descoberta de possíveis fatores etiológicos, diversidade de sintomas e como respondem aos tratamentos continuam sendo um desafio para os pesquisadores. Estudos indicam que uma das dificuldades para encontrar essas respostas deve-se ao caráter heterogêneo do transtorno. Vários estudos têm apontado para a importância da identificação de subgrupos mais homogêneos de pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Esta abordagem visa buscar fenótipos mais específicos que possam dar pistas para a identificação dos mecanismos etiológicos da doença, incluindo genes de vulnerabilidade e, por fim, o estabelecimento de abordagens terapêuticas mais eficazes. Alguns subtipos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo têm sido propostos. Dentre eles, dois subtipos bastante estudados correspondem aos pacientes com início precoce dos Sintomas Obsessivo- Compulsivos. e o subtipo de Transtorno Obsessivo-Compulsivo associado à presença de tiques e/ou síndrome de Tourette.  Esses dois subgrupos de pacientes apresentam características clínicas, neurobiológicas, de neuroimagem, genéticas e de resposta aos tratamentos distintos e que os diferenciam de outros pacientes. É importante ressaltar também que esses dois subtipos apresentam características semelhantes, o que dificulta a interpretação de sua natureza, ou seja, torna-se difícil diferenciar se as características encontradas são devido ao início precoce dos Sintomas Obsessivo- Compulsivos ou à presença de tiques. Compulsão é um comportamento consciente e repetitivo, como contar, verificar ou evitar um pensamento que serve para anular uma obsessão. Outros exemplos de compulsão são o ato de lavar as mãos ou tomar banho repetidamente, conferir reiteradamente se esqueceu algo como uma torneira aberta ou a porta de casa sem trancar. Deve-se deixar claro porém que para que esses comportamentos sejam considerados compulsivos, devem ocorrer em uma frequencia bem acima do necessário diante de qualquer padrão de avaliação. Acomete 2 a 3% da população geral. A idade média de início costuma ser por volta dos 20 anos e acomete tanto homens como mulheres. Depressão Maior e Fobia Social podem acometer os pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo ao longo da vida.

origem: Wikipédia, a enciclopédia livre - http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_obsessivo-compulsivo




sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Comprimido para Dormir

SP 23:05 – Completo quatro noites de sono intercalado. São poucas horas de sono interrompidas por longos períodos de “meditação”. Não encontro algo que me faça relaxar, o calor gruda no meu corpo dolorido, os pensamentos pairam entre preocupações e pendências. Definitivamente não consigo ter uma noite de sono completa. Olho para o visor do relógio ansioso pela chegada da manhã. E mesmo que chegasse, o que eu faria? Provavelmente o que tenho feito durante toda a semana. Passaria o dia com uma sensação de ressaca, o corpo pesado, lutando para fazer todas as minhas tarefas. Na última noite resolvi tomar algo que me fizesse dormir. Recorri a caixa de medicamentos onde guardo alguns psicotrópicos que já fizeram parte de outros tratamentos, mas que perderam sua importância e foram substituídos com o passar do tempo. Retiro da caixa um comprimido grande e branco e coloco-o na garganta adentro. Deito cedo, são apenas 22 horas no relógio e espero para ver o que acontece. Tenho uma noite de sono pesada, algo que me arrebatou para um mundo profundo e cheio de sonhos. Mas não consigo acordar no horário que eu deveria. Perco a consulta com minha terapeuta por ter dormido até às 15 horas. Acordo com um gosto amargo na boca, cabeça pesada, e a sensação de estar de ressaca. Minha camiseta colada ao corpo toda transpirada. Lá fora um sol quente de verão. Meu “lado moral” começa a me condenar. Por ter ingerido um medicamento que não fazia mais parte do meu tratamento, por ter perdido uma consulta que julgava tão necessária, por piorar as coisas... O dia segue calmo. Sem trabalho, faculdade, ou algumas de minhas saídas para entregar currículo, acabo com à tarde sem ter feito nada de útil. Agradeço a Deus por estar sozinho em casa. Eu não gostaria de encarar alguém nas condições que fiquei. Tive uma noite de sono, finalmente consegui dormir. Mas joguei fora metade do dia, perdi uma consulta, dormi como se não precisasse estudar, como se já estivesse com a vida que sempre pedi a Deus. Corroa-me a crise de moralismo. Preciso voltar ao meu atual psiquiatra, talvez eu tenha que acrescentar mais um comprimido. Desta vez para conseguir dormir. Um que seja do tamanho da minha insônia, e não maior do que ela. Sei que não será a primeira vez que isso acontece, mas fico com a sensação de derrota. Comprimidos para dormir, comprimidos para não ficar depressivo, comprimidos para ficar estável, comprimidos para não ter a sensação de precisar de tantos comprimidos. Passam alguns anos e aí entram outros comprimidos..rs Para o coração, o colesterol, o diabete, etc, etc. Viva a vida! Tenho que faze-la valer a pena, do jeito que está, não dá.

Aprendemos a morrer quando o dormir é profundo
e não há sonhos lembrados.
Na insônia,
a vida resiste.
Valter da Rosa Borges

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Idade das Trevas

Num outro texto chamado “Misticismo”, eu havia relatado sobre o caso de um primo que havia desenvolvido um transtorno obsessivo compulsivo. Pois é, somos uma família bem comprometida psiquicamente. Temos esquizofrênicos, bipolares, depressivos, e agora um caso de TOC. Não tenho os números exatos, mas até onde eu tenho registros, são mais ou menos seis ou sete pessoas diagnosticadas. A família é bem numerosa tanto do lado materno, quanto paterno. São mais de vinte e quatro tios e tias, somando os irmãos de meu pai, e as irmãs de minha mãe. Não contabilizei seus respectivos maridos e esposas, e nem ao menos meus primos e primas. Caso isso fosse feito, ultrapassaríamos tranqüilamente mais de cem pessoas. Imagina-los todos juntos num mesmo local seria a visão do inferno (risos). Mas nem todos têm uma visão tão negativa de seus parentes. Vou guardar este comentário para mim. A questão é que este primo esta passando pelo mesmo processo que originou o suicídio de um outro membro da família. Alguém que era portador de transtorno bipolar, que inicialmente recebeu cuidado médico, mas que por falta de informações e atenção da família, acabou morrendo por overdose de psicotrópicos. Considero que apesar de todos os conhecimentos que foram conquistados através de séculos e séculos de pesquisa e desenvolvimento humano, através da ciência, da filosofia, da matemática, etc. Ainda vivemos a “Idade das Trevas”. Cito esta parte da história da humanidade, como ironia ao que está acontecendo em minha família. Com esta pessoa que sofre de transtorno obsessivo compulsivo, mas que infelizmente está submetido à ignorância dos que deveriam socorre-lo. Ele foi levado pela mãe a um psiquiatra. Onde recebeu o diagnostico, as recomendações sobre o transtorno, e os medicamentos que deveriam ser administrados para a melhora do quadro. Poucos dias após o inicio do tratamento, alguns sintomas persistiam, desta forma ouvindo as recomendações de comadres e compadres, a mãe resolveu interromper o tratamento e levar o rapaz até uma igreja evangélica. O veredicto dado pelo pastor foi que o rapaz era vitima de maldição maligna, mesmo com todos os gritos e orações, os sintomas persistiam durante a semana. O medicamento já não estava mais sendo administrado, as recomendações dadas pelo médico foram esquecidas. A namorada do rapaz sugeriu que ele voltasse a ingerir bebidas alcoólicas para cortar os medicamentos, que provavelmente eram parte da causa do seu sofrimento. Há uma cultura de que remédio psiquiátrico serve apenas para dopar paciente. Nenhuma melhora ocorrida, optaram por consultar um centro espírita. Segundo os médiuns, ele deveria passar a freqüentar a entidade e desenvolver seu dom mediúnico. Para que a coisa não se torne monótona vou resumir a história. Meu primo está demonstrando sintomas psicóticos. Ouvindo vozes, tentando manter-se isolado em seu quarto, chegou a dizer que não deseja mais viver. Eu telefonei para a casa dele e conversei com minha prima - mãe dele. Afirmei que ele deveria voltar a fazer uso dos medicamentos, que este era o caminho da recuperação. Que uma nova avaliação deveria ser feita, e que bebidas alcoólicas estavam fora de questão. Pedi para que ela tentasse faze-lo seguir com sua rotina o mais próximo possível da normalidade. Alimentando-se corretamente, tomando banho, e realizando todas as atividades diárias. Que a fé em Deus deveria ser sempre exercitada e mantida, mas que a ignorância fosse evitada a todo custo. Ela prometeu que o levaria nesta próxima quarta-feira ao médico. Vamos ver o que acontece.

Idade Média: Idade das Trevas?

O conceito de Idade Média foi "cunhado" por ocasião do período compreendido como Renascimento. A razão desse conceito se dá pelo fato de que muitos historiadores fizeram um certo juízo de valor dessa época como tendo sido um período "negro" da história da humanidade.  Assim, chegaram a conclusão de que o mundo foi marcado por três grandes épocas, das quais, apenas duas épocas presenciou-se acontecimentos de progresso e evolução da raça humana no plano intelectual e cultural: a época dos gregos e a das invenções modernas. Dessa  forma, a idade Média foi compreendida como uma época de retrocesso do pensamento, de atraso intelectual, científico e cultural. Uma época em que o domínio da  fé obscureceu as "luzes" da razão e emperrou o progresso.  Ao longo de vários séculos após o término da Idade Média, o termo foi cada vez mais visto de forma "pejorativo",

fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/1659593-idade-m%C3%A9dia-idade-das-trevas/

"Conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará." João 8:32

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sobre o que pensamos

Dizem que mente vazia é oficina para o diabo, que pensamentos ruins só assaltam a mente daqueles que permitem que isso aconteça. Posso concordar com a primeira afirmativa, mas tenho objeções quanto a segunda. Diariamente meus pensamentos tomam forma de preocupações, dúvidas, arrependimentos e maquinações que me consomem. Não importa onde eu esteja. São poucos os momentos onde isso não acontece. Tomando um cafezinho perto da faculdade, passo a meditar sobre a minha carreira, os trabalhos que preciso entregar, sobre as escolhas que fiz. Tudo vem à tona de forma automática. Se ainda houvesse algum ganho. Novas idéias, soluções para problemas antigos ou formas de melhorar a minha vida. Mas infelizmente isso não acontece. Carrego uma bola de ferro preso ao tornozelo. Sei que devo me livrar disso de alguma forma. A terapia me ajuda muito, pessoas que dividem comigo seus problemas também. Mas não é o suficiente. O que não consigo resolver de imediato, acaba surgindo novamente num outro momento como um grande monstro. Tento arranjar algo que me faça parar, que freie este mecanismo. A tecla “foda-se” que muitos dizem apertar quando estão paranóicos, estressados, cansados. Preciso procurar algo que tenha esta força dentro de mim. Perceber que nem todos os problemas se resolvem facilmente. Que não sou responsável por tudo o que acontece comigo. Fazer algo que me de prazer. Quem sabe um pouco mais de fé na vida, nas minhas escolhas.

Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo. Buda

Sobre Monstros - Quimera



É uma figura mítica que, apesar de algumas variações, costuma ser apresentada como um ser de cabeça e corpo de leão, além de duas outras cabeças, uma de dragão e outra de cabra. Outras descrições trazem apenas duas cabeças ou até mesmo uma única cabeça de leão, desta vez com corpo de cabra e cauda de serpente, bem como a capacidade de lançar fogo pelas narinas. Graças ao caráter eminentemente fantástico de tal figura mítica, o termo quimerismo e o adjetivo quimérico se referem a algo que não passa de fruto da imaginação, uma ilusão, um sonho.

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Quimera

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Após surto psicótico, policial transexual acusada de assalto é presa e algemada em hospital

A investigadora de polícia transexual Renata Pereira Azevedo, de 30 anos, foi presa no último dia 15 sob acusação de roubo - artigo 157 do Código Penal, que pressupõe "grave ameaça" à vida.

A informação foi publicada no último domingo (25) pelo jornal Folha de S. Paulo na reportagem intitulada "Vida nada cor-de-rosa", de Laura Capriglione e Marlene Bergamo.

Na última sexta-feira o Condepe - Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana -, da Secretaria da Justiça, apresentou a denúncia de "Gravíssimas violações dos direitos humanos" que envolvem a prisão da trans, em Campinas.

De acordo com a reportagem, Renata não portava arma alguma quando foi presa. Em sua bolsa foram encontradas maquiagem e um celular Samsung SGH-C276 (preço: R$ 139), que não pertencia a ela.

"Renata estava surtada. Xingou tudo e todos. Na Corregedoria da Polícia em Campinas, para onde foi levada, distribuiu cusparadas. Ao delegado titular, perguntou: 'Você é o Serra?', 'Você é o Lula?', 'Você é uma maricona?' Mesmo algemada, arremessou na autoridade a sandália que calçava. Cantou em italiano para o pai, que então já acompanhava a prisão do filho. Tirou a roupa", relata a matéria.

A transexual foi diagnosticada por Gabriela di Mattia, psiquiatra do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) com "transtorno afetivo bipolar -episódio maníaco". Foi dopada com Haldol (antipsicótico) e prometazina (hipnótico) e não assinou o boletim de ocorrência. Apagou.

Segundo o jornal, a policial acordou amarrada pelo peito e braços a uma maca no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas de Campinas. Renata estava algemada à cama e um PM armado fazia a escolta. A reportagem aponta que durante cinco dias - entre as 22h57 do dia 15 e as 9h do dia 20 - quando foi levada para um leito na Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a trans ficou exatas 100 horas e 43 minutos deitada de costas, amarrada e algemada.

Na última quarta-feira (21), o psiquiatra Paulo César Sampaio, psiquiatra do Governo do Estado, encontrou Renata ainda presa à cama quando a visitou, a pedido do Condepe.

"Está claro que a paciente não pode ser responsabilizada por seus atos durante um surto psicótico; portanto, não poderia responder por roubo e estar algemada. É de uma injustificável crueldade física e psicológica algemá-la na ala psiquiátrica", disse Sampaio ao jornal depois de analisar relatórios médicos e entrevistar a mãe.

O jornal relata a saga de Renata até o episódio do dia 15. A trans mora com a família em uma casa de classe média. Tem dois irmãos, estudou em colégios tradicionais de Campinas e está no quinto ano de Direito na PUC. Prestou concurso para investigador de polícia e passou. A trans colocou o primeiro silicone nos quadris, quando tinha 18 anos. Na mesma idade, ainda tentou se matar e sofreu a primeira internação. "Tinha aparência masculina quando entrou para a polícia, aos 21 anos. Aos 24, passou a viver 100% como mulher- roupas, cabelo, maquiagem, unhas. Com 25, 'colocou peito', escreveram as jornalistas.

Em oito anos de polícia, entre licenças médicas, foram cinco transferências de departamento. Dois dias antes de ser presa, a mãe de Renata percebeu que ela não estava bem. "Ele estava agitadíssimo. Era mau sinal", conta. A trans dizia que era filha de Silvio Santos, ouvia vozes demoníacas em músicas de Ivete Sangalo, tinha a fórmula secreta da loteria.

No dia anterior à prisão, Renata apareceu à noite em um bar no centro de Campinas e causou confusão. No dia 15, hora do almoço, reapareceu com as mesmas roupas, sem ter dormido. Exigiu o celular de uma funcionária do bar e espatifou-o no chão. Saiu desvairada. Topou com um rapaz dentro de um carro VW Parati. Mostrou a carteira de policial e, aos gritos, tomou-lhe o celular. Depois disso Renata foi presa.

fonte: http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?codigo=9569&titulo=Ap%25F3s+surto+psic%25F3tico%252C+policial+transexual+acusada+de+assalto+%25E9+presa+e+algemada+em+hospital

domingo, 25 de outubro de 2009

Onde conseguir informações sobre o transtoro bipolar e seu tratamento

ABRATA – Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos
Av. Paulista, 2644 - 7° andar – cj.71 São Paulo. SP – CEP: 01310 - 300
Fone: (11) 3256 – 483
www.abrata.com.br

Instituto de Pesquisa Hospital das Clinicas – FMUSP
Grupo de Estudos de Doenças Afetivas – GRUDA
Rua Olívio Pires de Campos, 225M, Salas 2 e 3 – São Paulo – SP
CEP: 05403 – 010 - Fone: (11) 3069 – 6648
www.hcnet.usp.br

Projeto Fênix
www.fenix.prg.br
e-mail: fênix@fenix.org.br

PRODAF – Programa de Distúrbios Afetivos e Ansiosos
Rua Botucatu, 416 – Vila Mariana
São Paulo – SP – CEP:04023 – 061
Fone: (11) 5579 – 6784
www.unifesp.br/dpsiq/grupos/assistenc.htm

STABILITAS – Associação dos Usuários de Estabilizadores do Humor Familiares e Amigos
Fone: (51) 9914 – 9559
www.stabilitas.kit.net

atenção: este blog não tem nenhum vinculo com as instituições citadas

sábado, 24 de outubro de 2009

Misticismo


Tenho uma amiga que atualmente queixa-se por sentir-se muito ansiosa e angustiada ao andar de trem, diz que não suporta todas aquelas pessoas ao seu redor, que sente desejo de agredi-las quando ocasionalmente tocam em seu corpo. Acrescenta que não sente mais vontade de sair de casa, que não atende mais aos telefonemas da família. Que ao pensar em todos os compromissos que exigem sua presença fora de casa, ou do seu escritório, uma sensação ruim começa a toma-la. Durante nossas conversas, eu acabei revelando a ela que eu sofria de transtorno bipolar. A principio tive que explicar o que era isso, mas ela não teve dificuldades em compreender. Criamos um pouco de confiança um pelo outro, e passamos a conversar sobre diversos assuntos. Ela disse que a uns cinco anos atrás, começou a ouvir vozes, e que algumas vezes chegou ferir os braços com um estilete em decorrência disso. Preocupada com a situação, acabou procurando centros espíritas de diversas denominações, para tentar descobrir o que estava acontecendo. Foi então que revelaram que ela tinha uma espécie de mediunidade, e que isso deveria ser trabalhado. Satisfeita com a explicação, não procurou médicos ou psicólogos. Passou a seguir as orientações que foram dadas. Atualmente com os “excessos de ansiedade”, procurou novamente explicações espirituais para tais fenômenos. Disseram-lhe que sua mediunidade está sendo desenvolvida, e que isso abriu seus canais para que vários tipos de espíritos a importunassem. Bem, o que dizer a uma pessoa que depositou na religiosidade a solução de seus problemas psíquicos? Que acredita possuir um dom dado por Deus, que obviamente trás alguns incômodos, mas que não deixa de ser uma ferramenta para o bem? Decide que não vou interferir. Já conheci pessoas com este tipo de problema, e que foram parar em hospitais ou clinicas, após uma forte crise, ou comportamento autodestrutivo. Que confundiram distúrbios psiquiátricos com dons dados por Deus. Ontem conversamos por alguns momentos, e ela disse que começou a freqüentar uma terapeuta para resolver algumas questões pessoais. Quem sabe se através disso ela não procure explicações um pouco mais cientificas para sua realidade? Na verdade eu não sei. Sou seu amigo, mas não posso julga-la. Acho que a própria decisão de procurar uma terapeuta foi uma influencia minha. Da minha realidade, e da forma como enfrenta a minha bipolaridade. Não tenho certeza. Espero que ela fique bem, e tenha a certeza que sempre poderá contar comigo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saber Viver


Sábado, domingo e feriado. Nada tão emocionante quanto ficar em casa três dias consecutivos sem fazer nada de especial. O ponto máximo do meu feriado foi degustar uma pizza de mussarela, e assistir dois DVD´S do qual eu já sabia o final. Para alguns talvez isso represente “suicídio social”, mas para mim desde que eu não esteja depressivo ou em hipomania sigo tranqüilo pensando na vida. Mas também não serei falso dizendo que eu não trocaria este marasmo por um céu estrelado na beira de alguma praia, ou quem sabe uma tarde quente conversando com alguns amigos num bar. Pois é, mas aí que a coisa toma ares de fantasia. Primeiro eu precisaria arranjar um gênio da lâmpada mágica, e exigir meus três desejos. Meus amigos estão na maioria casados, comprometidos, pensando em como vão pagar o financiamento do carro, o colégio do filho, a tv a cabo, etc. Céu estrelado em qualquer praia paulistana num feriado prolongado, também representa barulho, musicas de axé no último volume, filas, pessoas que talvez não sejam tão solidárias e educadas quanto você, cheiro de “Jamaica” no ar, a obrigação de se divertir, ou fazer valer aquelas tantas horas de transito que você enfrentará na volta, sem falar dos pedágios. Talvez lendo isso alguém pense que eu seja anti-social, ou algo parecido. Na verdade eu preciso ajustar algumas coisas. Gosto de fazer amigos, ter colegas para conversar, dar telefonemas, ou simplesmente para ficar bonito na foto. Há pessoas que são fissuradas em tirar fotos ao estilo “sorria e acene”. Nem que depois de uma semana já não lembre mais o nome de metade das pessoas do retrato, cuja prima do interior de Minas trouxe sem avisar para verem a praia pela primeira vez. Amigos de verdade eu tive apenas um, que infelizmente morreu na adolescência. Praias são ótimas fora da temporada, quando finalmente estão um pouco mais vazias e limpas. Você consegue realmente perceber todos os detalhes da natureza ao seu redor. Depois de algum tempo longe da loucura que tentamos acreditar ser o melhor para nós, a vida parece ter um sentido diferente. Tudo passa, tudo muda. Posso voltar aqui na próxima semana com outra opinião. Hoje estou apaixonado por esta idéia. Mas pense bem, imagine se eu não estivesse? Ficar em casa todo revoltado, xingar e dizer que minha vida é uma merda, etc, etc.. Vou levando, quem sabe alguma coisa esteja certa no meu modo de pensar. Pode não ser como você, mas também não devo estar totalmente errado.

Saber Viver
Por Cora Coralina

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar

sábado, 17 de outubro de 2009

Reforma psiquiátrica

A Reforma Psiquiátrica pretende construir um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade.

Diretrizes

A reforma psiquiátrica pretende modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminando gradualmente a internação como forma de exclusão social. Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, visando a integração da pessoa que sofre de transtornos mentais à comunidade.

A rede territorial de serviços proposta na pela Reforma Psiquiátrica inclui centros de atenção psicossocial (CAPS), centros de convivência e cultura assistidos, cooperativas de trabalho protegido (economia solidária), oficinas de geração de renda e residências terapêuticas, descentralizando e territorializando o atendimento em saúde, conforme previsto na Lei Federal que institui o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Esta rede substituiria o modelo arcaico dos manicômios do Brasil. A reforma psiquiátrica a desativação gradual dos manicômios, para que aqueles que sofrem de transtornos mentais possam conviver livremente na sociedade. Ocorre que muitos deles sequer têm nome conhecido, documentos, familiares, dificultando a reinserção social. Também não possuem acesso aos benefícios sociais oferecidos pelo Estado, como a aposentadoria e auxílio-doença.

História

O movimento pró Reforma Psiquiátrica no Brasil teve início na década de 70, por reivindicação de médicos e familiares de pessoas com transtornos mentais.

A reforma psiquiátrica é o tema de um debate em andamento no Brasil há anos, as resoluções tomadas neste processo ainda não foram totalmente implementadas. Em abril de 2001 foi aprovada a Lei Federal de Saúde Mental, nº 10.216, que regulamenta o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil.

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Psiqui%C3%A1trica

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ponto de Vista

14/10 - Mais um feriado se foi. Três dias em casa sem muitas emoções. A grana no banco está acabando, e ainda não recebi nenhuma oferta de emprego digna de atenção. Uma academia entrou em contato oferecendo o aluguel de uma sala. Eu poderia "meter as caras" e tentar arriscar, mas já trabalhei com isso por mais de dez anos e sei como funciona. Este é um período de transição, aos poucos as salas esvaziam-se. Em novembro e dezembro são dadas as últimas provas do ano, época de vestibulares, férias, Natal, ano novo, etc. Academia é algo sazonal, não rende de forma homogênea o ano todo. Por isso muitas tentam prender os alunos com as mais diversas manobras comerciais. Os professores que trabalham com salários fixos não se importam muito, mas aqueles que dependem de comissão são obrigados a soar a camisa. Uma estratégia muito comum é realizar um último exame de faixa próximo ao Natal. Desta forma os vestibulandos e aqueles que ficaram em dependência nos colégios e escolas, acabam dando um jeito de não faltarem às aulas, ainda mais quando eles são escolhidos para trocarem de faixa. A estratégia é esta, e quase sempre dá certo. Depois que terminei a faculdade de enfermagem, a minha visão mudou muito. Acho que amadureci um pouco mais. Dar aulas tem algo de "Peter Pan", toda academia é uma espécie de "Terra do Nunca". Os professores geralmente são jovens, bem vestidos, musculosos e cheios de motivação e energia. Ironicamente eles não podem envelhecer. Você já viu um algum professor de cabelos grisalhos e aparência fora dos padrões citados dando aulas? Com todo respeito, pois velhice significa experiência e sabedoria.  Imagino que um professor que dá aulas a vinte ou trinta anos, deva ter mais experiência do que um novato. Mas infelizmente dentro das salas de musculação, nas piscinas, nas aulas de danças, e nas inúmeras modalidades oferecidas, o que vemos é um culto constante a juventude. Sei que existem lugares onde a realidade não é tão dura, mas sejamos sinceros, é uma pequena fração do mercado. Não preciso explicar mais do que isso, quem freqüenta academia sabe do que estou dizendo. Sendo esta a realidade, vou persistindo na minha procura, nos meus contatos, e terminando minha pós-graduação aos poucos. Posso receber uma bela proposta e voltar a dar aulas, mas com certeza esta não será a minha principal atividade. Quero voltar a trabalhar, e exercer minha verdadeira profissão que é a enfermagem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Balada do Louco













Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sem Máscaras

Hoje não vou colocar nenhuma máscara. Não vou usar frases de efeito, nada que me deixe num estado de transe, num processo cego e vicioso que impeça que eu expresse o que realmente sinto. Estou cansado de marchar seguindo sempre as mesmas regras, o mesmo ritmo, a mesma direção. Ninguém sabe o que verdadeiramente sinto. Amorteço o monstro que há dentro de mim, colocando-o numa espécie de camisa de força, torço para que isso possa segura-lo. Isso que é tão necessário para que eu consiga viver, para que eu seja aceito como uma pessoa normal por todas as pessoas que estão ao meu redor. Sigo numa melancolia “estabilizada”, uma tristeza controlada que aprendi a esconder. Do que seria de mim, se não fosse assim? A vida segue, as contas chegam, as exigências, as cobranças, tudo se acumula embaixo da porta. Sem ganhos, sem trocas, vou administrando as perdas. Tenho comprimidos coloridos, dos mais diversos formatos e tamanhos que engulo a cada dia torcendo para que eles nunca acabem. Sou escravo da minha doença, das minhas instabilidades, dos meus pensamentos intensos. Num palco cheio de incertezas tento desejar coisas simples. Um emprego, um pouco de independência, a chance de ser eu mesmo.  Nas crises me distancio de todos, espero pela melhora aguardando sozinho. As mulheres que conquistei foram breves momentos de ternura no meio do turbilhão. Não passo mais de três meses com alguém, mais do que isso é impossível. Amo e odeio com a mesma intensidade. Destruo sonhos, transformo desejos em arrependimento, saudades em raiva ou ressentimento. Tantas promessas desperdiçadas. Olho para o teto, respiro fundo. Preciso terminar este texto de uma forma positiva, mas não consigo. Quero escrever que amanhã tudo será diferente, talvez no Natal, ou quem sabe no próximo ano, mas é mentira. Nada vai mudar, vou continuar marchando.



Perfeição
Legião Urbana


Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Psicoterapia cognitiva no tratamento da depressão e do transtorno bipolar - Dr. Francisco Lotufo Neto

Objetivos e característicasA terapia cognitiva tem como função ajudar o paciente a aprender métodos mais efetivos de lidar com pensamentos, sentimentos e comportamentos que lhe trazem desconforto. Além disso, aborda a situação causadora da ansiedade ou depressão e os problemas cognitivos que estão relacionados à origem da perturbação emocional.

O modelo cognitivo
O modelo cognitivo propõe que as emoções e comportamentos das pessoas são relacionados a como percebem ou interpretam os eventos. Isto pode ser identificado através de um primeiro nível de pensamento denominado "Pensamento Automático" (PA).

Os pensamentos automáticos podem não ser realistas e muitas vezes contem erros de lógica. Surgem a partir de crenças acerca de si próprio e do mundo, que são desenvolvidas ao longo da vida, geralmente desde a infância. Algumas dessas crenças são centrais, fundamentais para o indivíduo. Elas determinam o entendimento sobre como eu e as coisas "são" e são consideradas verdades absolutas. As situações da vida são em geral interpretadas através de um prisma determinado por estas crenças. Esta interpretação se irreal ou distorcida pode criar ou manter ansiedade e depressão. A avaliação realista e a modificação dos Pensamentos Automáticos Negativos produzem um alívio dos sintomas, porém a melhora duradoura é resultado da modificação das crenças básicas dos pacientes.

Transtorno Bipolar
A Terapia Comportamental-Cognitiva para a pessoa portadora do Transtorno Bipolar tem os seguintes objetivos:

Educar pacientes e familiares sobre o Transtorno Bipolar, seu tratamento e suas dificuldades. Ensinar métodos para monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso dos sintomas maníaco - depressivos. Facilitar a aceitação e a cooperação com o tratamento. Oferecer técnicas não medicamentosas para lidar com sintomas e problemas. Ajudar a enfrentar fatores de estresse que estejam interferindo no tratamento. Estimular a aceitação da doença e diminuir o estigma associado ao diagnóstico.

A pessoa aprende a reconhecer padrões de comportamento e pensamento, a ter papel mais ativo no tratamento, a lidar com os problemas que produzem estresse e a reconhecer os sintomas que indiquem que uma recaída pode acontecer, para agir preventivamente.



Dr. Francisco Lotufo Neto é Profº Associado – Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Texto retirado do site da ABRATA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FAMILIARES, AMIGOS E. PORTADORES DE TRANSTORNOS AFETIVOS - www.abrata.org.br

domingo, 4 de outubro de 2009

Sem dormir

Depois de dez dias dormindo quatro, ou até mesmo três horas por noite, consegui finalmente ter duas noites de sono normais. Resolvi não recorrer a nenhum tipo de medicamento para normalizar a situação. Usei meus próprios meios, e meu psiquiatra foi informado sobre isso, na verdade não dou passos mais largos do que minhas pernas. Não faço experiências com o meu tratamento. Aprendi a seguir a terapia medicamentosa da forma mais fiel possível. Se com fidelidade algumas vezes a coisa se torna um imenso monstro negro de olhos vermelhos, o que aconteceria se eu fizesse o contrário? Acordei cedo neste domingo e resolvi abrir o meu arquivo morto. Fui até o meu e-mail para dar uma limpada na minha caixa de entrada. Encontrei mensagens que se acumularam ao longo destes últimos três anos, correspondências que eu nunca abri por um motivo ou outro. Pela correria do dia a dia, por minhas fases e crises, pela má conexão da minha internet, etc. Havia mais de quinhentas mensagens acumuladas num emaranhado de propagandas, anúncios de faculdades, cursos, lojas e informativos de sites de notícias. Mais uma vez fui buscar algo melancólico para me ocupar, ao invés de relaxar e aproveitar o dia. Acabei por lembrar de pessoas que fizeram breves passagens pela minha vida, outras que permaneceram tanto tempo ao meu lado que eu nunca imaginaria que um dia fosse embora. Todas elas registradas em fotos, poemas, coisas úteis, fúteis, lembranças deixadas de uma época que ficou congelada no tempo. Não abri tudo o que estava guardado, seria impossível fazer isso numa única manhã. Mas vi o suficiente para ficar pensativo e com um pouco de saudades. Nem todos foram embora da melhor maneira possível, algumas não responderiam o meu e-mail, caso eu enviasse algum. Na verdade, só depois de um bom tempo consigo avaliar a situação de maneira racional e perceber o quanto eu errei na maioria das vezes. Não sei se isso é culpa do Icaro, do transtorno bipolar de humor, ou se há uma forma de separar uma coisa da outra. Acho que não, talvez daqui uns dois ou três anos eu esteja novamente olhando para a minha caixa de mensagens e passando por este mesmo processo. Espero que isso mude. Sinceramente eu não desejo permanecer para sempre assim. Quero mudar a minha vida.


Pescador De Ilusões
O Rappa

Se meus joelhos
Não doessem mais
Diante de um bom motivo
Que me traga fé
Que me traga fé...
Se por alguns
Segundos eu observar
E só observar
A isca e o anzol
A isca e o anzol
A isca e o anzol
A isca e o anzol...
Ainda assim estarei
Pronto pra comemorar
Se eu me tornar
Menos faminto
E curioso
Curioso...
O mar escuro
Trará o medo
Lado a lado
Com os corais
Mais coloridos...
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões...
Se eu ousar catar
Na superfície
De qualquer manhã
As palavras
De um livro
Sem final! Sem final!
Sem final! Sem final!
Final...
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões...
Se eu ousar catar
Na superfície
De qualquer manhã
As palavras
De um livro
Sem final! Sem final!
Sem final! Sem final!
Final...
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões...
Valeu a pena
Êh! Êh!
Valeu a pena
Êh! Êh!
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões...
Valeu a pena
Valeu a pena
Sou pescador de ilusões
Valeu a pena
Valeu a pena
Sou pescador de ilusões
Sou pescador de ilusões
Valeu a pena!...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Desencontro


Desencontros são passagens frustrantes
quer sejam de dia ou de noite.
Assim como o Sol não se encontra com a Lua.
Nossos "desmomentos" foram marcantes.

Te queria só meu,
despido em meu quarto vazio.
Te encontrei vestido na multidão
Eras do mundo...
E por todas tinha tesão.

Imaginei momentos só nossos.
E construí castelos na areia.
Você envolveu outras pessoas.
Só a água no castelo passeia.

Se na vida desencontros são importantes.
Os nossos foram demais.
Esperar o momento certo também cansa.
Vê se me nota, me encontra... Nos dias atuais.

Sol Lua©
Mooca São Paulo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Solidão

Depois de algum tempo neste mar calmo que se tornou minha vida afetiva, posso dizer que estou oficialmente livre. Abandonei qualquer companhia feminina que tivesse algum potencial de me confundir. E como é fácil me confundir, ou fazer com que eu perca o rumo das coisas. Sou mestre em tal habilidade, não me faça perguntas difíceis. Não sei responder o ponto exato em que isso acontece, mas acontece com freqüência. Se não me vejo na condição de assumir algo verdadeiro, prefiro ficar sozinho. Por verdadeiro eu diria um grande amor, uma relação cheia de redenção, empatia, cumplicidade, etc. Tudo aquilo que faz um homem colocar uma algema de dedo e ir para o altar deixando para trás todos os pontos positivos que a solteirice tem. Prometi que faria isso antes do meu último namoro, mas não cumpri a promessa, e acabei quebrando a cara. Há pessoas que aparecem na minha vida com um rótulo bem grande pregado na testa, “vou te ferrar”. No entanto, eu acabo cedendo, foi o que fiz da última vez. Não respeitei a minha experiência, os sinais que havia ao meu redor, e nem mesmo a opinião de alguns amigos. Mas por qual motivo eu ignorei os outdoors que anunciavam a desgraça? Sinceramente? Eu havia dito que não sabia o ponto exato, mas lá vão algumas teorias... Talvez por esperança, pela companhia, carência sexual, beleza, por status, etc. Mas existe algo bem mais forte do que isso. Algo que prejudica todo o meu discernimento, que me coloca em caminhos nebulosos, uma coisa que carrego no meu DNA. Sinceramente eu acho que é a minha instabilidade emocional, os meus altos e baixos. A incapacidade de me controlar totalmente Se tudo esta sobre controle, acabo passando por uma depressãozinha que me deixa exposto, carente, necessitando de ajuda. Sou tipicamente melancólico e depressivo. Não sou o tipo de bipolar que vive em mania, esbanjando energia e impulsividade. Sou o contrário. Por isso a melhor maneira de se ver livre de enrascadas seja ficar sozinho, ou só arriscar quando os sinais forem favoráveis. Alguns podem dizer que estes sinais não existem, que as aparências enganam, etc, etc. Mas convenhamos que depois dos trinta anos todos já sabem alguma coisa sobre relacionamentos, ou pelo menos o que não se deve fazer. Vou ficar quietinho no meu canto e continuar vendo a banda passar. Não sirvo para ser “pinto amigo” de ninguém. Alguns homens acham isso ótimo, sexo por amizade, sem compromisso, mas sou diferente. Que bom! Num mundo onde todos querem ser aquilo que é ditado pela maioria, alguém resolveu ser diferente. Idéias e pensamentos de um bipo.

Tão Longe De Tudo
Barão Vermelho

Composição: Guto Goffi
Solidão amiga do peito
Me dê tudo que eu tenha por direito
Me diga, me ensina
Ao dormir não sinto medo
Há um sol, existe vida
Me trate com jeito
Eu tenho saída
Eu quero calor e o mundo é frio
Minha vaidade não enxerga o paraíso
Eu preciso de alguém pra fugir,
sem avisar ninguém
Não vou olhar pra trás
A saudade está morta
E já não me importa
Está longe demais
Longe demais de tudo
Eu estou longe demais
Longe demais de tudo
Eu estou longe demais
Tão perto de mim
Tão longe de tudo

OUTUBRO














Outubro é o décimo mês do ano no calendário gregoriano, tendo a duração de 31 dias. Outubro deve o seu nome à palavra latina octo (oito), dado que era o oitavo mês do calendário romano, que começava em março.

Curiosidades:

Outubro começa sempre no mesmo dia da semana que o mês de janeiro, quando o ano não é bissexto

Eventos

1 de Outubro - Dia Nacional da República Popular da China
5 de Outubro - Revolução de 5 de Outubro de 1910, que levou à Implantação da República Portuguesa
7 de Outubro - Fundação de Pirenópolis, Goiás em 1727

Eventos cíclicos

12 de Outubro - Dia das Crianças Brasil
12 de Outubro - Dia da Padroeira do Brasil
12 de Outubro - Dia Nacional da Espanha
13 de Outubro - Dia do Fisioterapeuta (Brasil)
15 de Outubro - Dia do Professor (Brasil)
16 de Outubro - Dia Mundial da Alimentação
18 de outubro - Dia do Médico
24 de Outubro - Dia da Organização das Nações Unidas
31 de Outubro - Dia das Bruxas (Halloween)
31 de Outubro - Dia da Reforma Protestante

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vicio

Minha terapeuta me pergunta sobre os motivos que me levam a ter atitudes “negativas”, “destrutivas”, “que me deixam no lixo?” Na verdade ela já deve saber a resposta, mas deseja que eu encontre as minhas. Bem, tenho muitas teorias a respeito disso, e todas bem cabíveis. Posso citar as ações, os motivos, e as conseqüências. Ação Negativa: Encontrar pessoas através da internet. Motivo: Sair da rotina, flertar, curiosidade, aventura, busca de novas amizades, etc, etc. Os motivos são inúmeros. Alguém poderia perguntar o motivo que torna esta atitude negativa, se tantas pessoas fazem isso todos os dias. Talvez não seja negativa, mas apenas a principio. Pois sempre dou um jeito de chutar o pau da barraca. Vamos as conseqüências. Talvez fique mais fácil explicar citando as conseqüências. Conseqüências: Existem dentro de mim algumas engrenagens que possuem uma grande facilidade em se conectarem a pessoas “diferentes”. Diferentes de várias formas. Qual seria o motivo? Talvez por deixarem a impressão de me colocarem em lugares que eu gostaria de estar, caso houvesse um relacionamento concreto e verdadeiro entre ambos. Passo a ser o motivo delas estarem ali num determinado horário, de não terem ido numa balada com amigos. Passo a ouvir seus problemas, desabafos íntimos, familiares, etc. Em resumo, seria o maldito lugar que algumas vezes costumo buscar quando me envolvo com alguém na vida real. Mas tudo não passa de uma ilusão, algo que acaba tendo uma grande participação da minha imaginação. Sim, talvez pudesse dar certo, muitas pessoas conseguiram isso. Mas nem sempre sou ofertado com aquilo que realmente busco, ou sei transformar desvantagem em vantagem. A última que eu conheci, veio até a mim numa noite em que eu estava teimosamente vendo meus e-mails de madrugada. Sem sono, sem desejo de permanecer na cama, etc. Enquanto o tempo passava entre e-mails e páginas inúteis, percebi que uma garota havia solicitado a sua inclusão no meu orkut. Disse que tínhamos a mesma profissão, que achou interessante o meu perfil, etc, etc. Um mês depois, ela estava comigo dentro de um carro fazendo sexo oral em mim. Uma semana antes estava toda preocupada pelo fato de não morar em São Paulo, que isso poderia dificultar o nosso relacionamento, etc. Não acredito em gnomos, duendes e fadas. Tão pouco ignorei outros acontecimentos que a trouxeram até a minha cidade. No inicio, “eu”, seria a grande causa da sua vinda, mas ficou bem claro que ela precisava viajar, ver amigos que talvez tiveram o mesmo papel que eu tive num outro momento, andar por alguns pontos turísticos em São Paulo, esfriar sua cabeça dos problemas pessoais que costumava desabafar para mim e por último visitar uma tia que possui residência num bairro de classe média alta nesta cidade. Os dias passaram, os sinais se tornaram visíveis, e mais uma vez as conseqüências foram às mesmas. Não valeu a pena pela aventura, por conhecer alguém com pensamentos novos, pelos lugares que passamos, pelo que fizemos, etc. No final das contas, conheci uma pessoa extremante sonhadora (a ponto de ser irresponsável), despretensiosa, desapegada e totalmente diferente daquilo que me foi mostrado por horas e horas em conversas e flertes virtuais.Não houve romance, conversas que poderiam dar continuação a algo, novas promessas, etc. Por algo que poderia ter acabado com uma transa dentro de um carro eu não teria desperdiçado tanta energia ou tempo. Alguns me aconselhariam a apertar o botão “foda-se”, e aproveitar o momento, mas sinceramente tenho companhias femininas que poderiam me oferecer bem mais do que isso por um investimento menor. Ficou um vazio, a necessidade de tomar um banho quente, de não repetir o erro. Realmente não valeu a pena, prevaleceu o erro.

O vício tem somente como recompensa, o arrependimento. Xavier Maistre

terça-feira, 22 de setembro de 2009

São Paulo
Composição: Finho / Ari Baltazar


















Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...
Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...
Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...
Sem São Paulo
Oh! Oh! Oh!
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...
Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo
Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo...
Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...
Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...
Desperta São Paulo!
Desperta São Paulo!

domingo, 20 de setembro de 2009

Pela cidade


Tentei deixar o meu perfil no blog, mas não consegui escrever nada que me convencesse. Prefiro seguir no anonimato, não pretendo deixar minha foto, meu nome, meu currículo de realizações ou algo para inflar o meu ego. Este blog já foi meu muro das lamentações, motivo de alegrias, de tristezas. Não quero usa-lo como pedestal, mas apenas divulgar meus pensamentos, minhas idéias, divagações. "Pensamentos e relatos de um bipolar."  Estou tomando meus remedinhos corretamente, fazendo minha terapia uma vez por semana, e minha pós está seguindo em frente. Coisas boas em minha vida, mas algumas vezes sofro sem motivos aparentes. Os motivos existem, acredito que todos possuem alguma, mas as minhas não deveriam me abater tanto. Minha ex-terapeuta dizia que eu sempre buscava algo para sofrer, algo que me deixasse mal. Pode ser, carrego algumas presas ao meu tornozelo como verdadeiras bolas de ferro. Sou melancólico, sou alguém que batalha muito para sorrir todos os dias. Faço isso com algum esforço, estou tentando mudar definitivamente. Espero que não demore muito, pois já não tenho mais 20 anos. A vida segue, passa rápido... Ouço Bauhaus e The Cure, seqüelas de uma boate gótica e dark que visitei a duas semanas. Foi bem interessante, diferente, exótico. Provavelmente eu volte novamente para aquele lugar. Parecia um teatro de vampiros. Lembrei dos filmes "Drácula", "Entrevista com Vampiro", "O Crepúsculo" e outros mais antigos, e menos comerciais do qual não me recordo o nome. Eu poderia dizer que alguns freqüentadores imaginavam pertencerem a uma outra espécie. Além das roupas tipicamente pretas, maquiagem escura, botas de cano longo, alguns exibiam lentes de contato florescente ou imitando olhos de lobo. De qualquer forma ninguém desejava parecer "comum", ou fora do estilo proposto pela casa. Provavelmente eu era o mais careta de todos. Na pista de dança não havia nada além de uma máquina de fumaça, estrobos e bandas tocando sem interrupção. Algumas garotas passavam por mim despertando a minha atenção, mas eu estava com uma amiga e não desejava deixa-la sozinha, percebi ao longo da noite que ela fazia o mesmo por mim. Duas tequilas depois, todo o ambiente tornou-se familiar. Duas garotas beijavam-se na pista de dança, um "ser" andrógeno de lentes cintilantes já havia passado inúmeras vezes por mim como se caçasse alguém, um outro sujeito usando maquiagem escura e casaco comprido dançava olhando para o chão como se estivesse em transe. Saímos da boate por volta das cinco horas. Ainda andamos um pouco pela cidade até amanhecer. Desejo retornar em breve. Ouço "Other Voices" do The Cure. Alguma coisa ficou, algo sempre deixa lembranças.

The Cure

Other Voices (tradução)

Sussurra seu nome
Em uma sala vazia
Você escova minha pele
Segurando forte
Eu provo seu odor

Ruídos distântes
Outras vozes
Batendo em minha cabeça destruída
Cometa o pecado
Cometa você mesmo
E todas as outras vozes dizem
Mude sua cabeça
Você está sempre errado
Perto do natal
Eu realmente te vejo
Sorrindo para mim astutamente
Outro compromisso festivo
Mas eu vivo com deserção
E oito milhôes de pessoas

Ruídos distântes
Outras vozes
Pulsando em meus braços balançados
Acaricía o som

Tantos mortos
E todas as outras vozes dizem
Você está sempre errado