terça-feira, 15 de setembro de 2009

Madrugada



















É madrugada e não consigo dormir. Penso nesta estranha estrada que percorro, neste momento da minha vida. Sigo ouvindo musicas antigas no radio do meu celular. Lembro da dor das últimas perdas, inevitavelmente as lágrimas brotam dos meus olhos. Será que agi corretamente nas minhas decisões? Não sei dizer o quanto a minha labilidade de humor influenciou nos meus julgamentos. Eu gostaria de poder me afastar de todos quando os sentimentos negativos tomassem conta de mim. Não sou uma ilha, não consigo fazer isso. Algumas vezes o meu querido transtorno toma proporções gigantescas, torna-se o fato principal da minha vida. Sou o Icaro Bipolar. “Em caso de emergência use a doença como desculpa”. Será que já fiz isso alguma vez? Esta seria a minha desculpa preferida? Como diferenciar a minha própria personalidade, das distorções que a doença me causa? Como seria a minha vida se eu não tivesse que passar por fazes de mania e euforia? Enquanto toca algumas músicas antigas no rádio, me recordo do tempo em que eu era um adolescente sem muitas preocupações. Eu já tinha alguns problemas na escola antes dos 13 anos. Minha ex-terapeuta acredita que naquela época eu manifestava indícios de transtorno de déficit de atenção. Nunca ganhei uma única rifa, ou um sorteio sequer, mas parece que possuo uma sorte imensa para ser diagnosticado com distúrbios dos mais variados (risos). Dentro deste turbilhão eu sempre mantenho a esperança de uma nova oportunidade. Um momento da minha vida onde as coisas vão começar a dar certo. Chega de projetos abandonados pela metade, relacionamentos desastrosos de crises depressivas. As músicas continuam tocando, todos dormem, sigo terminando este texto. A luz do monitor ilumina a estátua de um samurai no stand de livros, meus olhos ainda não estão cansados, o amanhecer demora a chegar. Visto bermuda e camiseta, deixei a cama quente de lado para vir até aqui registrar estes pensamentos, o frio começa a incomodar as minhas costas. Vou tentar dormir antes que a estátua de olhar severo comece a conversar comigo. Se não for pelo sono, vou pelo frio. Boa Noite!