domingo, 20 de setembro de 2009

Pela cidade


Tentei deixar o meu perfil no blog, mas não consegui escrever nada que me convencesse. Prefiro seguir no anonimato, não pretendo deixar minha foto, meu nome, meu currículo de realizações ou algo para inflar o meu ego. Este blog já foi meu muro das lamentações, motivo de alegrias, de tristezas. Não quero usa-lo como pedestal, mas apenas divulgar meus pensamentos, minhas idéias, divagações. "Pensamentos e relatos de um bipolar."  Estou tomando meus remedinhos corretamente, fazendo minha terapia uma vez por semana, e minha pós está seguindo em frente. Coisas boas em minha vida, mas algumas vezes sofro sem motivos aparentes. Os motivos existem, acredito que todos possuem alguma, mas as minhas não deveriam me abater tanto. Minha ex-terapeuta dizia que eu sempre buscava algo para sofrer, algo que me deixasse mal. Pode ser, carrego algumas presas ao meu tornozelo como verdadeiras bolas de ferro. Sou melancólico, sou alguém que batalha muito para sorrir todos os dias. Faço isso com algum esforço, estou tentando mudar definitivamente. Espero que não demore muito, pois já não tenho mais 20 anos. A vida segue, passa rápido... Ouço Bauhaus e The Cure, seqüelas de uma boate gótica e dark que visitei a duas semanas. Foi bem interessante, diferente, exótico. Provavelmente eu volte novamente para aquele lugar. Parecia um teatro de vampiros. Lembrei dos filmes "Drácula", "Entrevista com Vampiro", "O Crepúsculo" e outros mais antigos, e menos comerciais do qual não me recordo o nome. Eu poderia dizer que alguns freqüentadores imaginavam pertencerem a uma outra espécie. Além das roupas tipicamente pretas, maquiagem escura, botas de cano longo, alguns exibiam lentes de contato florescente ou imitando olhos de lobo. De qualquer forma ninguém desejava parecer "comum", ou fora do estilo proposto pela casa. Provavelmente eu era o mais careta de todos. Na pista de dança não havia nada além de uma máquina de fumaça, estrobos e bandas tocando sem interrupção. Algumas garotas passavam por mim despertando a minha atenção, mas eu estava com uma amiga e não desejava deixa-la sozinha, percebi ao longo da noite que ela fazia o mesmo por mim. Duas tequilas depois, todo o ambiente tornou-se familiar. Duas garotas beijavam-se na pista de dança, um "ser" andrógeno de lentes cintilantes já havia passado inúmeras vezes por mim como se caçasse alguém, um outro sujeito usando maquiagem escura e casaco comprido dançava olhando para o chão como se estivesse em transe. Saímos da boate por volta das cinco horas. Ainda andamos um pouco pela cidade até amanhecer. Desejo retornar em breve. Ouço "Other Voices" do The Cure. Alguma coisa ficou, algo sempre deixa lembranças.

The Cure

Other Voices (tradução)

Sussurra seu nome
Em uma sala vazia
Você escova minha pele
Segurando forte
Eu provo seu odor

Ruídos distântes
Outras vozes
Batendo em minha cabeça destruída
Cometa o pecado
Cometa você mesmo
E todas as outras vozes dizem
Mude sua cabeça
Você está sempre errado
Perto do natal
Eu realmente te vejo
Sorrindo para mim astutamente
Outro compromisso festivo
Mas eu vivo com deserção
E oito milhôes de pessoas

Ruídos distântes
Outras vozes
Pulsando em meus braços balançados
Acaricía o som

Tantos mortos
E todas as outras vozes dizem
Você está sempre errado