sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Morre lentamente

Sigo batalhando em busca dos meus objetivos. A passos largos, indecisos, ou mesmo vacilantes. A vida não espera por ninguém, ela simplesmente segue o seu curso. Penso no mundo ao meu redor, nos erros do passado, nos acontecimentos do presente. Preocupo-me demasiadamente. Se ao menos estas meditações me levassem as soluções que tanto preciso. Mas não levam... Poucas coisas me tiram deste estado de vigília. Isso me faz sofrer, me culpar, buscar evidencias das minhas falhas. Mas nem sempre foi assim, houve um tempo em que eu não castigava tanto o meu ego. Um tempo em que eu dava aulas em academias, saia com meus colegas, bebia, ouvia problemas dos outros. Tinha uma vida social mais diversificada e isso me ajudava a quebrar este ciclo. Mas com o passar do tempo, num processo que envolveu a perda do meu emprego, distorções criadas pelas minhas instabilidades de humor, e o envolvimento com pessoas que não desejavam estar ao meu lado nos maus momentos, fui aos poucos me isolando. Deixando de acreditar no ser humano. E como diz um poeta...

“Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos...”

Pablo Neruda


Sou responsável pela minha vida, minha felicidade, pelo mundo que crio ao meu redor, e pelas pessoas que permito se aproximarem de mim. Se por um lado tenho uma pedra no meu sapato com minha bipolaridade com tantos pensamentos e ciclos que me arremessam para cima e para baixo, do outro eu também tenho a terapia, medicamentos, e a família pacientemente ao meu lado. Não vou esperar que alguém me faça feliz apenas por eu desejar isso. O ser humano é falho e nada mudará esta realidade. Preciso pensar assim, quebrar este ciclo. Usar as técnicas que aprendi na terapia, minha própria experiência de vida, minha fé. Preciso emergir, voltar a superfície e continuar lutando...