segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Feliz 2010!

Estou vivo, apesar de tudo sobrevivi... Natal, ano novo, e suas respectivas vésperas. Com minha família toda viajando para o litoral, acabei fazendo companhia para a minha cocker e o bichano de uma amiga. Ela foi para o Chile visitar o irmão, e pediu encarecidamente que eu cuidasse do gato, e desse uma “olhada” em sua residência. Fui babá de animaizinhos de estimação e leão de chácara. Tive longos debates com minhas companhias, e devo dizer que chegamos a várias conclusões sobre a origem do universo, a existência de vida em outros planetas, e o motivo das mulheres serem tão incompreensíveis. Não dei festa alguma, não fiquei de porre, nem ao menos tentei flertar com alguma companhia feminina. Acho que estou ficando velho, mas apesar de tudo também não arranjei encrenca ou entrei em mania como em outros anos. Na verdade houve uma única encrenca com a família de minha ex-mulher. Não sou perfeito, eles também não são, e da história que carrego desde a minha separação muitas feridas ainda está abertas. Os amigos não telefonaram, poucos enviaram felicitações, e tudo isso serve apenas para confirmar aquilo que eu já sei, o que a vida ensina, e o que muitos pensadores escreveram ao longo dos séculos. 

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.
Confúcio

Deus me defende dos amigos, que dos inimigos me defendo eu.
Voltaire

Ter muitos amigos é não ter nenhum.
Aristóteles


Brincadeira! Tenho alguns amigos, mas não em número suficiente para segurar as alças do meu caixão, e normalmente estão tão ocupados com suas próprias vidas que eu mesmo chego a duvidar que eles existam. Acho que preciso resolver isso antes que eu morra. Não quero ser levado de carrinho, prefiro o jeito tradicional. Sobre os desejos para o próximo ano, eu gostaria de acordar todas as manhãs sorrindo apesar da chuva, do metro lotado, e de todas as contas que tenho para pagar. Algumas vezes demonstro uma irresistível irritação, inquietude ou melancolia. Mas não é minha culpa. Não tenho domínio sobre a bioquímica cerebral que me rege, a complexibilidade de seus neurotransmissores, e os eventos estressores do dia a dia. Desde a descoberta do meu diagnóstico como bipolar até aqui, já se passaram mais de dez anos, três crises depressivas, inúmeras idas a psiquiatras, terapeutas, palestras em entidades especializadas, etc. Até a escolha de minha profissão foi influenciada pela minha patologia. Ou eu decifrava a charada, ou seria devorado pela esfinge (citando o mito de Édipo). Neste primeiro ano de 2010 eu pretendo reforçar um dos motivos que me levou a criar este blog. Talvez eu volte a publicar as primeiras matérias que disponibilizei sobre bipolaridade. As características da doença, os sintomas, tratamentos, entidades assistenciais, etc. Se pelo menos uma pessoa se beneficiar do que for divulgado neste pequeno espaço, eu já estarei fazendo minha parte. Bobagens eu escreverei sempre, isso faz parte de mim. Mas não estou aqui para divulgar meu verdadeiro nome, engrandecer o meu ego, ou mostrar as fotos das minhas férias. Muitos já fazem isso. Quero entrar para a “corrente do bem”. Há muitos bipolares que acreditam que não existam pessoas que possam compreende-los. Isso não é verdade. Existe muita pesquisa sendo feita sobre o tema, livros escritos tanto por especialistas como por bipolares, entidades dando apoio gratuito, sites, comunidades de relacionamentos na internet, etc. O importante é dar o primeiro passo, deixar os estigmas e os preconceitos de lado e buscar ajuda.

Agradeço a Deus por hoje estar sorrindo e cheio de vida. Se por acaso amanhã eu amanhecer agressivo ou triste e melancólico, peço que Ele esteja ao meu lado. E que não me permita esquecer que apesar do fardo, existe um caminho de voltar. Um caminho que já trilhei centenas de vezes.

Feliz 2010!

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