quinta-feira, 3 de julho de 2008

Testando um Bipolar na faculdade – SEGUNDA PARTE

Argumentei que mais da metade do trabalho estava feito, que não havia necessidade disso, que os professores nos ajudariam, etc, etc. Obviamente não era isso que eu gostaria de dizer, mas apenas o que realmente passava pela minha cabeça, enquanto eu olhava a cara de descontentamento delas, seguia o monólogo. Tudo começou a ficar bem claro. Desde o início elas não desejavam fazer o trabalho, assim como tantos outros onde elas apenas apareciam para colocar o nome, este não seria exceção. Comecei então a faze-lo, da melhor maneira que eu podia. No início nossa professora coordenadora fez reuniões conosco para saber onde estávamos situados dentro do projeto. O que ainda faltava, quais itens poderiam ser incluídos, quais os próximos passos a serem dados. Ela mesma disse que muito já havia sido feito através do pré-projeto. Dei continuidade por onde ela nos orientou. Acrescentei os itens sugeridos e outros que eu acreditava serem necessários. Trocamos e-mails com as atualizações e mudanças que aos poucos moldavam o nosso (o meu) TCC. Quanto as minhas caras colegas, elas nunca responderam um e-mail durante todo o final do semestre. Num dado momento em que elas perceberam que eu havia tomado controle da situação, exigiram uma reunião entre nós para saber o que estava acontecendo. Fui de bom agrado. Para meu espanto, elas levaram a Patrícia para verificar se tudo o que eu havia feito estava dentro do que deveria ser um TCC. Fiquei puto da vida, mas não demonstrei nada e mantive a calma. Acho que aprendi a ser ainda mais cínico na faculdade. Começamos nossa conversa, elas mostraram um e-mail (eu repassava a elas os e-mails que por mim eram recebidos) da professora onde ela pedia a inclusão de um item no trabalho. A Irene sendo a mais barraqueira começou a falar alto, dizendo que não trabalhávamos em grupo, que a Patrícia estava ali para nos ajudar (estava ali para ajuda-las, quem nunca fez um trabalho sozinha não saberia fazer um TCC), que a professora havia pedido um item que estava atrasado, etc, etc, etc. Bem, eu fiz a cara mais calma do mundo e argumentei que desde as férias do semestre passado não havia nenhuma colaboração por parte delas, que após eu ter recebido a proposta de encomendarmos o TCC com a Patrícia, não havia mais respeito por elas e desde então comecei a fazer sozinho o trabalho. Houve mais grito, mais troca de acusações, eu mencionei todos os e-mails que foram enviados por mim relatando o desenvolvimento do trabalho com minhas opiniões inclusas. Se naquele instante fossemos avaliados pela banca, com certezas elas seriam reprovadas. A Irene disse que não havia recebido nenhum e-mail, Simone reforçou ainda mais este fato. Patrícia tentou contornar a situação dizendo que deveríamos ir com mais calma, trabalharmos em grupo, etc, etc. Mostrei a ela o item que a professora havia pedido, todo elaborado e impresso, argumentei que elas estavam desatualizadas como sempre. Irene ressaltou mais uma vez que eu não havia mandado nenhum e-mail. Respirei fundo e percebi que naquele instante haveria um “rachão”. Cada um para o seu lado, e provavelmente elas ficariam juntas, fariam todo seu teatro diante da professora coordenadora posicionando-se como vitimas e acabaria sobrando para mim. Eu não me importaria, desde que eu ficasse com o meu material e continuasse com o mesmo tema. Faltavam uns dois meses para a entrega. Eu poderia arriscar, perder ou vencer. Preferi dar espaço para a Patrícia com os seus argumentos “faça amor, não faça guerra”, acalmando o histerismo da Irene (sinceramente eu acho que era falta de p...). Iniciei novamente dizendo que estava tudo bem, que eu passaria a telefonar mais ao invés de mandar tantos e-mails, etc, etc. Acabamos a reunião, mais tarde ao chegar em casa na frente do computador, fui até a caixa de saída dos meus e-mails e imprimi cerca de 26 e-mails dentre os quais eu havia enviado para elas. Ainda havia uns 15, mas achei que a tinta da impressora não seria suficiente. Mostrei para a Patrícia que foi testemunha de todo aquele barraco. Ela disse que compreendia meus argumentos, que na verdade a Irene e a Simone não sabiam abrir ou puxar arquivos do e-mail. Esta era a verdade, mas que elas não admitiriam. Depois daquela guerra, percebi que eu teria que carrega-las nas costas, justamente aquelas que só estavam me f... Na verdade eu vi inúmeros outros casos em grupos da minha sala. Conversando com colegas, ou apenas observando, percebi que sempre há aqueles que se aproveitam dos outros. Eu não pude voltar atrás. Se não fosse assim, eu correria o risco de prejudicar tudo o que eu havia feito. No final eu ainda tive que ceder ainda mais, fingindo que elas estavam corretas quando na verdade estavam erradas, e quando um dos professores durante a apresentação percebeu algo e perguntou quem havia sido o líder do grupo e elas (pelo menos) indicaram nossa professora orientadora. Sei de todos os altos, e baixos que sofri. Das crises de mania, das inúmeras vontades de deixar aflorar meus sentimentos de manda-las para o inferno, enviar um e-mail para a professora explicando que eu estava trabalhando sozinho. Sofri todas as dores e humilhações, mas no final ficamos com uma nota dez. Algo que senti ter recebido sozinho. Não importa o que tenha acontecido, pois alguém tinha que estar realizando aquele trabalho que era tão importante e decisivo em nossa carreira acadêmica. Se demonstraram tanta tranqüilidade sendo omissas, enquanto todos os outros grupos evoluíam, era justamente por saberem que eu estava trabalhando. Foi o melhor trabalho de minha vida, mas não pretendo esconder mais quem eu sou.