terça-feira, 7 de julho de 2009

Ajuda Veio

Era fim de tarde e véspera de um final de semana. Para mim, não importava horários ou compromissos, meu único desejo era que algo acontecesse. Eu tinha como opções procurar algum tipo de ajudar por meus “próprios meios”, ou aceitar a proposta de ir para um lugar onde cuidassem de mim. Pensei no que poderia fazer, ou e a quem recorrer, sendo assim, percebi que estava sozinho. Sou o tipo da pessoa que pode contar numa única mão, o número de pessoas que fazem parte da minha vida. Isso fora de minha família. Nunca soube “cultivar” amigos, eu tinha inúmeros critérios e regras das quais muitas vezes eu me tornava vitima. Quando eu dava aulas em academias ou estava na faculdade, conseguia reunir ao meu redor “amigos de baladas”, colegas de trabalhos e algumas garotas que possuíam o hobby de “ficar” com professores de malhação. O que não significava necessariamente que eu desejasse estar com elas. Entre alguns “critérios” criados por mim, incluía a regra de nunca pedir ajuda para aqueles do qual eu não convidava para festas ou momentos de alegria. Não consigo usar as pessoas, buscar favores sem retribuições. Naquele momento em meio a uma crise, minhas opções eram muito pequenas. Eu havia me afastado de todos nos últimos quatro meses, o Icaro reservado, havia se tornado o Icaro isolado. Por fim alguém surgiu em minha mente, uma mulher que eu havia me envolvido por mais de um ano, que por algum motivo mostrou-se especial para mim. Talvez pelo seu jeito sorridente de encarar a vida, os problemas, e tantos assuntos que eu considerava complexo. Se eu me comportava de forma séria e irritadiça, ela se mostrava sempre feliz e contente. Acho que toda esta energia me atraiu, aliado ao fato de ter chegado a conclusão que eu era um solitário cheio de manias e alguns preconceitos. Por que não havia mais pessoas em minha vida? Onde estavam meus amigos? Por que eu tinha que ser tão isolado e complicado? Tão complexo? Acho que isso mereceria um capítulo à parte. Depois de mais de seis meses sem vê-la, resolvi procurar seu telefone e pedir ajuda. Ao telefone, foram poucas as minhas palavras. Eu praticamente implorei para que ela aparecesse. Enquanto eu aguardava sua chegada, imaginei quais perguntas poderiam vir, e como eu as responderia. Não morávamos muito longe, e o meu distanciamento se deu, devido a mais uma de minhas famosas crises de raiva, aliadas a intolerância quanto as nossas dificuldades em nos entendermos. Ela estando sozinha em casa e sem fazer nada, não demorou muito para que chegasse. Porem a espera pareceu mais longa do que nunca. Entrei no carro, e antes que começássemos, eu pedi que fôssemos para algum lugar mais reservado. No caminho ela fez inúmeras perguntas sobre como eu estava e o motivo de ter ido embora de sua vida. Paramos numa praça aos arredores de sua casa, antes que qualquer explicação fosse dada eu desabei a chorar. Havia surpresa em seu rosto, mas solidariedade o suficiente para apenas me abraçar esperar meu choro terminar. Descrevi tudo o que havia acontecido e acrescentei um longo pedido de desculpas. Seria a primeira pessoa do qual eu faria isso, nos outros dias, fiz o mesmo com outra amiga e passei a dar mais atenção as pessoas que estavam ao meu lado. Algo estava mudando, a dor da depressão havia disputado espaço com a solidão. Pior do que ficar mal é ter a sensação de não fazer falta a ninguém. Não receber telefonemas, e-mails sinceros, ou algo que mostrasse interesse e empatia. Isso precisava mudar.  

Continua...

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