quarta-feira, 2 de julho de 2008

Testando um Bipolar na faculdade - PRIMEIRA PARTE

Nesta semana estou começando a contabilizar todas as perdas e ganhos da minha última semana na faculdade. Na verdade ainda dependo do resultado de uma última matéria antes de poder considerar-me formado no curso de enfermagem. Testei até as últimas conseqüências, a terapia medicamentosa do qual venho me submetendo desde o início do semestre, além dos conselhos e autoconhecimento que obtive durante meus quatro anos de terapia psicanalítica. Paguei todos os meus pecados, e quase joguei tudo para o alto por causa do trio ridículo que formei com outras duas garotas que foram completamente omissas com o trabalho de conclusão de curso. Pensei em inúmeras vezes abandonar o trio e fazer sozinho o que já estava sendo de total responsabilidade minha. Eu nunca imaginava conhecer o “jeitinho brasileiro” personificado numa mulher, como conheci trabalhando com estas duas. Em especial a Irene que sempre chegava atrasada nos estágios, colava em todas as provas, evitava fazer esforço ao participar dos trabalhos em grupo e armava um grande barraco quando era contrariada. Adorava tomar cerveja e ir a baladas populares como forró, pagode e axé. Ia ao salão de cabeleireiro constantemente retocar a chapinha, tingir o cabelo de loiro, fazer as unhas. Embora dizia não ter grana para ajudar nas cópias e tantos outros materiais que tínhamos que correr atrás durante o semestre. A outra era a Simone. Não se diferenciava muito da Irene. Acho que existia uma simbiosidade entre as duas. Ambas trabalhavam no mesmo hospital, no mesmo horário, almoçavam nos mesmos lugares e sempre chegavam juntas dando cobertura uma a outra na assinatura de listas de presença. Esta última, no entanto, fez uma cirurgia plástica no nariz, desejava fazer uma lipoaspiração e sempre procurava produzir-se. Ao excesso algumas vezes. São boas pessoas para conversar, sair, falar mal dos professores ou divertir-se, mas são péssimas no quesito responsabilidades acadêmicas. Não vou condena-las totalmente, embora tenha sofrido muito com suas omissões, falta de responsabilidade, etc . Não havia desculpas para atrasos e falta de coordenação nas ações para a conclusão do trabalho. Antes do final do sétimo semestre já estavam bem definido quais seriam os grupos, os temas, o que deveria ser feito. Eu opinei em continuarmos com o mesmo tema do pré-projeto, aproveitando todo o material que já havíamos pesquisado anteriormente, restando apenas complementarmos um pouco mais sobre o assunto. É o ponto máximo do último semestre. É a guilhotina para muitos grupos que por “este”, ou “aquele” detalhe, são obrigados a ficarem mais seis meses na faculdade. Já vi pessoas chorarem durante a apresentação do TCC por diversos motivos. Há os que compram um TCC pronto e são descobertos, ou aqueles que desfazem o grupo na última semana, esquecem regras, etc. Há de tudo. Para o aumento da minha gastrite a nossa banca seria formada nada mais ou nada menos, que pela diretora e responsável do nosso curso de enfermagem, a Doutorada e grandessíssima f.d.p que já havia sido motivo de reclamações de muitos colegas, seja pela forma de ignorar nossas reivindicações e pedidos de melhoria para o nosso curso, ou quanto a maneira de nos ignorar ao procurá-la. O segundo era o excelentíssimo e cínico professor e responsável pelas nossas atividades acadêmicas e campos de estágio. Um pavão bajulador que sempre nos contemplava com boas notas durante a avaliação de nossa atuação durante os estágios, por saber que muitos destes locais indicados por ele eram fracos, ou insuficientes, para treinar aqueles que não tinham conhecimentos ou experiência na área da saúde. Quero deixar bem claro, que existe uma diferença dentro da sala de aula e que talvez não exista em outros cursos. Dentro da sala de aula existem os que já possuem experiência na área da enfermagem por atuarem como auxiliares, técnicos, nutricionistas, fisioterapeutas, etc. E aqueles que nunca colocaram os pés dentro de um hospital. Sim, existe toda uma diferença, e algumas aulas parecem que são apenas para quem já sabe a rotina de um hospital. Numa outra oportunidade falarei sobre isso. Continuando... A terceira pessoa seria a nossa adora Professora de Saúde Mental e Administração, que fez tudo o que pode por nós, que nos ajudou a resolver os principais problemas encontrados. Não estou exagerando, ela foi escolhida para ser homenageada durante a formatura. Durante algumas de nossas reuniões e confraternizações, durante o decorrer do curso ela chegou a dançar no meio dos alunos para nos divertir. Sinceramente acho que ela é hiperativa (risos). Depois do tema, e banca definida, tínhamos que continuar o processo para fazer o TCC. Terminando o sétimo semestre, tivemos as férias de fim de ano, procurei mandar e-mails para minhas duas colegas combinando reuniões e encontros para que não deixássemos nada para a última hora. Esse foi um termo que havíamos combinado antes das férias. Mas não houve o retorno de um e-mail ou telefonema sequer. Comecei a preocupar-me. Ao retornarmos das férias eu estava meio “irritado”, “puto da vida”, etc. Fiquei calado e esperei para ver o que acontecia. Três semanas após o retorno das aulas, a Irene e a Simone chegaram até a mim e sugeriram que nós pagássemos a uma outra colega para fazer o nosso TCC. Esta colega era a Patrícia, ao contrario destas duas, ela era muito inteligente, esforçada, etc. Algumas vezes ganhava grana fazendo dissertações, e elaborações de trabalhos para outros colegas que não tinham tempo ou vontade.Bem, esta foi à punhalada que recebi nas costas. Segurei a respiração, para não perguntar o que elas andaram fazendo durante todas as férias que não quiseram se reunir para começar a p... do trabalho, se a tintura de cabelo havia atingido seus neurônios, ou toda a  cerveja e vinho barato que elas adoravam consumir. Fechei os olhos e procurei me controlar. Pouco a pouco, fui argumentando num tom cínico, mas controlado. Continua...

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